Presidente do Senado diz que venda da Petrobras não está “no radar”
Pacheco defende discussão com entes federativos sobre o tema. Na manhã de ontem (12), o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, entregou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pedido para iniciar os estudos de privatização da Petrobras e do Pré-Sal Petróleo S.A.
Publicado 16/05/2022 09:15 | Editado 16/05/2022 11:36
Pouco depois de dizer a jornalistas que todos os entes federativos e a Petrobras precisam se envolver em uma discussão sobre a redução do preço dos combustíveis, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou no Twitter que não considera a privatização da estatal “no radar” neste momento.
“Em relação à privatização da Petrobras, já disse e reitero que acho fundamental que tenhamos um estudo sobre a possibilidade, o aprofundamento de modelos e análises. Mas não considero que esteja no radar ou na mesa de discussão neste momento a privatização da empresa”, disse na rede social.
Na manhã de ontem (12), o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, entregou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pedido para iniciar os estudos de privatização da Petrobras e do Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), a estatal responsável por comercializar o óleo e o gás extraídos da camada pré-sal. Ontem (11), o ministro, recém-empossado no cargo, disse que vai priorizar os estudos para a privatização da Petrobras e do Pré-Sal Petróleo S.A.
Em declaração à imprensa após a reunião, Paulo Guedes afirmou que encaminhará a proposta à Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos para análise de viabilidade. “O Adolfo [Sachsida], ministro de Minas e Energia, me entrega isso hoje e encaminho imediatamente à Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos para que ela faça uma resolução Ad referendum e inicie os estudos. Isso deve ser feito hoje mesmo e vamos dar sequência aos estudos para a PPSA e, depois então, para o caso da Petrobras”, afirmou Guedes.
Ontem, em seu primeiro discurso como ministro de Minas e Energia, Sachsida afirmou que é urgente dar prosseguimento ao processo de capitalização da Eletrobras e que vai priorizar os estudos para a privatização da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A. Ele antecipou que seu primeiro ato como ministro seria solicitar a Guedes, presidente do conselho do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), a inclusão desses novos estudos de privatização.
Caso o governo consiga dar andamento ao processo de privatização da Petrobras, o Congresso será uma das etapas. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a privatização de estatais deve ser aprovada por deputados e senadores. Ainda segundo a Corte, apenas subsidiárias podem ser vendidas sem autorização do parlamento.
Repercussão
O governo Bolsonaro quer a todo custo privatizar as estatais brasileiras, promovendo o desmonte do nosso patrimônio. Não vamos permitir, não podemos entregar a nossa riqueza na mão da iniciativa privada.
— Daniel Almeida (@Daniel_PCdoB) May 12, 2022
Bolsonaro e aqueles que o servem, não tem a menor condição moral de discutir soberania, quando estão entregando as nossas principais empresas ao capital internacional. Que país abre mão da gestão em combustível e energia?! https://t.co/dbeea4ArF5
— Perpétua Almeida (@perpetua_acre) May 12, 2022
Lá vai de novo Bolsonaro trocar comando da Petrobras pra fingir que algo coisa muda. Sachsida vai manter os preços dolarizados e quer estudo pra privatizar a estatal e pré-sal. É um pior que o outro! Crise mostra o erro que foi vender refinarias e querem entregar a jóia da coroa.
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) May 12, 2022
Bolsonaro não sabe o que faz com o país. Não sabe trabalhar, investir ou fazer política econômica. Vendeu a BR e hoje 392 empresas importam gasolina dos EUA. Vamos deixar claro: somos contra a venda da Petrobrás e Eletrobrás. Parem de privatizar nossas empresas públicas.
— Lula (@LulaOficial) May 11, 2022
O desgoverno Bolsonaro, mais que piada, é tragédia pronta e permanente. Quando se pensa que não pode piorar, ele dobra a aposta. Primeiro ato do “novo” ministro das Minas e Energia: pedir estudo para privatizar a Petrobras e o Pré-Sal! #OPetróleoÉNosso (…)
— Ciro Gomes (@cirogomes) May 12, 2022
Privatizar a Petrobras vai aumentar ainda mais o preço dos combustíveis. O que o governo Bolsonaro quer é ficar isento de um problema em que é covarde e incompetente para resolver, se privatizar a política de preços já não estará mais sob sua responsabilidade. Não à privatização!
— Ivan Valente (@IvanValente) May 12, 2022
Alô, caminhoneiros! Alô, motoristas de aplicativos e taxistas! Alô, povo brasileiro! Gasolina, gás e diesel vão continuar caros! Não adianta demitir ministro e presidente da Petrobras, porque quem dá a última palavra é o presidente da República. A culpa é do Jair!
— Bohn Gass (@BohnGass) May 11, 2022
Não adianta mudar o ministro de Minas e Energia. O que tem que mudar é o presidente da República e a política de preços da Petrobras. O povo brasileiro ganha em real, mas está pagando gasolina e diesel em dólar.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) May 11, 2022
De tão grotesca e mal ensaiada, a farsa encenada hoje pelo obscuro Sachsida e o fracassado Guedes, deixou claro que a tal privatização da Petrobras não passa -ainda bem- de um ridículo bode na sala. (…)
— Ciro Gomes (@cirogomes) May 12, 2022
Novo ministro quer PRIVATIZAR A PETROBRAS!
Mais uma vez, governo Bolsonaro tenta usar os preços dos combustíveis como desculpa para entregar um patrimônio nacional, o que só pioraria a crise p/ o povo. ABSURDO! O desgoverno da incompetência está destruindo o país.
— Alessandro Molon ?? (@alessandromolon) May 12, 2022
É um escândalo. A prioridade do novo ministro de Minas e Energia não é mudar a política desastrosa de preços da Petrobras, mas privatizar a estatal. Bolsonaro é o chefe supremo da Petrobras e continua fingindo que não é com ele. Um covarde!
— Erika Kokay (@erikakokay) May 12, 2022
Vilão e mocinho
Pela manhã, Pacheco conversou com jornalistas após receber membros do Comitê Nacional de Secretários da Fazenda, Finanças, Receitas ou Tributação dos Estados e Distrito Federal (Consefaz). Ele preferiu não apontar culpados para o aumento dos combustíveis, defendendo não “haver vilão e mocinho nessa história”.
Pacheco avaliou que o momento “é de frustração de expectativas” em relação ao preço dos combustíveis no país.
“Nós tínhamos expectativas no Brasil de uma contenção no aumento dos preços dos combustíveis que não se realizou”, ressaltou.
Após o encontro, o senador cobrou maior participação de todos os entes federativos e da Petrobras na discussão de medidas que resultem na redução dos valores. “Ninguém quer sacrifício absoluto de ninguém, mas queremos a colaboração de todos”, enfatizou.
Pacheco reconheceu a participação da União, ao tomar providências relativas à participação tributária nos combustíveis, dos estados que, desde novembro de 2021, adotaram a tarifa única. Além disso, segundo o senador, há a necessidade de a Petrobras cumprir sua finalidade social de fazer com que os combustíveis não sofram tanto reajuste de preços.
Na briga por medidas que possam aliviar o preço dos combustíveis na bomba, os secretários de fazenda argumentam que, ao adotarem o congelamento do ICMS, desde novembro de 2021, fizeram sua parte, já que a perda de receita, estimada para o ano de 2022, é de mais de R$ 30 bilhões.
Na conversa com Pacheco, uma das soluções defendidas pelo grupo foi a reformulação do sistema tributário. Nesse sentido, eles defendem a votação da proposta de emenda constitucional (PEC) 110/19 que, sem consenso, está emperrada na Comissão de Constituição (CCJ) no Senado. Para os gestores, a aprovação da proposta poderia trazer uma solução com a criação de um imposto único, o imposto sobre valor agregado.
“A PEC 110 deve ser pautada no Senado nas próximas semanas, acredito que nessa semana o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre, possa submeter ao crivo da CCJ a PEC 110 e, uma vez aprovada na CCJ, tem o compromisso da presidência do Senado para apreciação desta PEC”, garantiu Rodrigo Pacheco.
Outro ponto defendido pelos secretários foi o Projeto de Lei (PL) 1.472, já aprovado no Senado, que está em análise na Câmara. A proposta cria um sistema de bandas de preços para limitar o reajuste dos derivados de petróleo e gás de cozinha (GLP) ao consumidor final. O texto também prevê um auxílio combustível para motoristas autônomos de baixa renda.
Segundo Pacheco, assim que o presidente da Câmara voltar de uma missão oficial ao exterior, vai intermediar uma reunião com a participação do deputado e do ministro da Economia, Paulo Guedes. “Eu acredito que é uma medida, nesse instante, muito necessária, sobretudo após o anúncio do lucro da Petrobras no primeiro trimestre, da ordem de R$ 44,5 bilhões. É evidente que os dividendos da União devem participar e contribuir para essa solução especialmente para a sociedade que mais precisa da contenção do aumento desses combustíveis”, defendeu.
Pacheco também vai pedir uma reunião com o Fórum de Governadores. “Agora temos um desafio em junho, é um pedido que farei aos governadores dos estados nessa reunião, é que mantenham esse congelamento [do ICMS] em relação à gasolina para que se mantenha a lógica de uma arrecadação equilibrada e estabilizada sem se aproveitar dos aumentos do preço de combustível. Só isso já é um grande proveito da Lei Complementar 192 [que alterou a tributação sobre combustíveis], mas também cuidaremos de identificar outras medidas que possam ser tomadas além dessas, para poder resolvermos o problema dos combustíveis do nosso país”, disse.
Com informações da Agência Brasil