Consulta decide se López Obrador continua governo no México

Mexicanos decidem neste domingo se presidente López Obrador continua o mandato até 2024. Votação foi convocada pelo próprio presidente, que tenta ampliar o apoio para o resto de seu mandato.

Andrés Manuel López Obrador (AMLO), presidente do México

Por meio de uma consulta popular, os mexicanos decidem neste domingo (10) se Andrés Manuel López Obrador deixa a presidência mais cedo ou termina seu mandato em 2024. Segundo pesquisas, a afluência de votação será pequena e de apoio majoritário ao governo de esquerda. Resultado sai ainda esta noite.

A chamada “consulta cidadã” foi criada a partir de uma mudança na Constituição mexicana feita pelo próprio Obrador, e a votação foi convocada pelo próprio presidente, que tenta ampliar o apoio para o resto de seu mandato. Este é o primeiro referendo revogatório da história do país.

Segundo apontam pesquisas, a consulta não deve alcançar o limite de 40% de participação para ser vinculante: 37 milhões de eleitores.

“AMLO, você não está sozinho!”, dizem os outdoors exibidos na Cidade do México, em alusão às iniciais de seu nome. “Você termina e vai!” e “urnas vazias!”, diz a oposição nas redes sociais, alegando que o plebiscito é apenas um ato de “propaganda”.

Com uma aprovação de 58%, segundo levantamento consolidado da firma Oraculus, o presidente defende que o referendo é o remédio contra os maus governos.

A consultoria em matéria eleitoral Integralia estima uma afluência média de 14,8% dos eleitores. “Espera-se uma maioria retumbante a favor de López Obrador permanecer no cargo até 2024”, diz relatório. “Será um parâmetro para avaliar a capacidade de mobilização” do partido no poder, destaca Integralia.

Obrador acusa o Instituto Nacional Eleitoral (INE) de sabotar o referendo em cumplicidade com “os conservadores”, para o qual anunciou uma reforma para que os seus membros e os do tribunal eleitoral sejam eleitos por voto popular e não pela Câmara dos Deputados.

O INE, que exigiu sem sucesso um orçamento maior, vai instalar cerca de 57.500 assembleias de voto contra as 161.000 de uma eleição federal.

Desafio da correlação de forças

A agenda de esquerda de Obrador, com estatização de serviços e fortalecimento do estado, sofre enormes dificuldades para ser aprovada no Congresso. Dessa forma, a consulta popular é vista como uma força de fortalecer o apoio parlamentar ao governo.

Nos quase três anos que restam em seu mandato, seu projeto de “transformação” tem vários desafios, como a aplicação de uma reforma ao setor elétrico aprovada pelo Supremo Tribunal de Justiça nesta semana, contra a vontade dos Estados Unidos, Canadá e Espanha, e os partidos de oposição PRI, PAN e PRD.

O novo quadro, que Obrador espera reforçar com uma reforma constitucional, confere maior peso ao Estado na geração de energia, em detrimento do setor privado.

A coalizão governista não reúne, no entanto, votos suficientes para modificar a Constituição e é obrigada a negociar.

Obrador reúne forte aprovação ao governo, devido aos programas sociais aos quais destina 6,4% do orçamento e políticas como a melhoria do salário mínimo, que chegou a US$ 265 por mês.

Entre os desafios que o presidente enfrenta também estão a persistente violência criminal, considerada a pior do mundo, que deixou cerca de 340 mil mortos desde 2006, e uma economia atingida pela covid-19, em lenta recuperação. A inflação anual está em seu maior nível em duas décadas, tendo alcançado 7,3% em fevereiro.

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