Macron e Scholz tentam reduzir intromissão dos EUA nos assuntos da UE ao irem à Rússia, diz analista
Na segunda-feira (7), Macron esteve em Moscou, na próxima semana, é a vez de Olaf Scholz. Na visão de analista ouvido pela Sputnik, movimento dos líderes europeus presa para um diálogo diplomático mais direto com Kremlin e com menos interferência norte-americana.
Publicado 09/02/2022 20:11 | Editado 09/02/2022 20:14
Na segunda-feira (7), o presidente francês, Emmanuel Macron, encontrou com o líder russo, Vladimir Putin, na capital russa. Na semana que vem, mais precisamente no dia 15, será a vez do chanceler alemão, Olaf Scholz, ir a Moscou. De acordo com o analista político francês Karel Vereycken, os dois líderes europeus parecem querer tentar afastar os olhos de Washington dos assuntos da União Europeia.
“Macron e Scholz parecem coimplantar seus esforços. À sua maneira, entre Macron e Scholz, há a ideia de reduzir a interferência dos EUA nos assuntos da UE. Sem dúvida, isso faz parte da agenda. Ao contrário dos EUA e do Reino Unido, eles sabem muito bem que um [potencial] conflito ocorreria em seu próprio território e não em algum lugar distante ou em outro continente”, afirmou Vereycken, em entrevista à agência russa Sputnik.
Enquanto Macron se encontrava com Putin no dia 7, Olaf Scholz estava em Washington com o presidente Joe Biden. Na conversa, o presidente norte-americano novamente ameaçou Moscou com novas sanções e disse que vetaria o gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2) caso a Rússia invadisse a Ucrânia, ação que o Kremlin já negou diversas vezes que tenha a intenção de concretizar. Apesar de demonstrar solidariedade ao discurso de Biden, o chanceler alemão não mencionou abandonar o projeto ou cortar os laços com a Rússia”, destacou a Sputnik.
Já Macron, descreve a agência russa, é conhecido por defender a ideia de uma autonomia estratégica para Europa, se tornando mais independente das coordenadas norte-americanas. Em 2019, o presidente francês submeteu a OTAN a fortes críticas em uma entrevista à revista The Economist, dizendo que “o que estamos vivendo atualmente é a morte cerebral da OTAN”.
Macron também foi o primeiro líder europeu a levantar a voz em meio às tensões entre EUA-Rússia e pediu aos Estados-membros da UE que elaborassem propostas para um novo acordo de segurança com Moscou. “Pela primeira vez, um presidente ocidental reconhece que as preocupações de segurança dos russos são reais”, disse Jean de Gliniasty, ex-embaixador francês em Moscou, à emissora francesa BFM TV.
Ainda segundo Vereycken, o esforço Scholz-Macron para diminuir o clina tensionado é, de alguma forma, comparável à oposição do chanceler alemão, Gerhard Schroeder, e do presidente francês, Jacques Chirac, à Guerra do Iraque iniciada por Washington em 2003.
Com informações da agência russa Sputnik