Partido Socialista vence eleição e mantém força em Portugal
Com 99% das urnas apuradas, os socialistas tinham 41,63% dos votos, o que rendia para a legenda 112 das 230 cadeiras em disputa no parlamento português
Publicado 30/01/2022 21:55 | Editado 30/01/2022 21:57
O Partido Socialista foi o grande vencedor nas eleições legislativas antecipadas de Portugal, realizadas neste domingo (30). Mas a legenda do primeiro-ministro António Costa – que está no poder desde 2015 – não tinha a garantia de conquistar maioria no parlamento português.
Às 21h25 (horário de Brasília), com 99% das urnas apuradas, os socialistas tinham 41,63% dos votos, o que rendia para a legenda 112 das 230 cadeiras em disputa. Pesquisas apontam que o partido pode chegar a 115 assentos.
Já o Partido Social Democrata (PSD), liderado por Rui Rio, tinha 27,89% dos votos, levando 68 cadeiras. As pesquisas de opinião chegaram a apontar um empate técnico entre os dois partidos – o que não se confirmou na apuração. O Chega, de extrema-direita, despontava como a terceira força, com pouco mais de 7% dos votos e 11 cadeiras no parlamento.
O primeiro-ministro socialista expressou orgulho por ter “virado a página da austeridade orçamentária” aplicada pela direita após a crise financeira mundial. Ele governa com o apoio de uma aliança histórica – batizada de “Geringonça” – formada em 2015 com os partidos da esquerda radical, Bloco de Esquerdas e os comunistas.
Mas, quando o governo minoritário também almejava “virar a página da pandemia” com uma taxa de vacinação recorde e a liberação dos fundos de estímulo econômico europeus, seus aliados rejeitaram o projeto de orçamento para 2022, o que provocou a convocação de eleições antecipadas. O Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista Português (PCP) votaram contra o orçamento.
Quando a data da votação foi anunciada há três meses, o PS tinha 13 pontos de vantagem nas pesquisas sobre a principal formação de oposição, o PSD. “Que todos se sintam seguros para votar”, declarou Costa, que votou no fim de semana passado, como também fizeram 300 mil eleitores, em uma votação antecipada organizada por causa da crise de saúde. Com um a cada 10 portugueses em quarentenas, o nível de participação nas eleições, as terceiras organizadas em Portugal durante a pandemia, foi outro fator de incerteza.
Em entrevista ao Opera Mundi, a professora de Relações Internacionais Teresa Cravo, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, falou sobre a possibilidade de uma “geringonça 2.0” em Portugal, tendo “contornos diferentes” e uma “plataforma de esquerda mais consistente”.
“As últimas semanas colocam novamente essa solução em cima da mesa, sendo que terá necessariamente contornos diferentes e inteiramente dependentes da correlação de forças entre os três partidos que resultará das eleições”, afirmou Teresa. “É nisto que o BE e o PCP estão apostando: que o voto nos respectivos partidos impeça a maioria absoluta do PS e, mantendo-o longe de uma solução ad hoc com partidos mais pequenos, António Costa se veja forçado a negociar uma plataforma de esquerda mais consistente.”
Com informações da AFP e do Opera Mundi