Cesta básica já responde por 67% do salário mínimo
Preços dos alimentos básicos, principalmente os que são commodities, seguiram elevados em 2021
Publicado 09/01/2022 11:14
A cesta básica aumentou em todas as 17 capitais pesquisadas pelo Dieese em dezembro. Somente a compra dos itens da cesta consumia, conforme a região, entre metade e 67% do salário mínimo – que era de R$ 1.100 no mês passado.
A Constituição prevê o salário mínimo para “suprir despesas básicas de uma família de quatro pessoas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência”. Porém, segundo o Dieese, o piso nacional dos trabalhadores deveria ser de R$ 5.800 em dezembro para cumprir esse papel constitucional.
Na prática, o salário mínimo necessário em São Paulo, por exemplo, é 5,3 vezes maior do que o oficial. Ou seja, quem ganha o mínimo tem de trabalhar mais de cinco meses para receber o que a Constituição determina para um mês.
A pesquisa do Dieese apurou em Curitiba a alta mais expressiva em um ano (16,30%). Em seguida vêm Natal (15,42%), Recife (13,42%), Florianópolis (12,02%) e Campo Grande (11,26%). As menores taxas acumuladas foram as de Brasília (5,03%), Aracaju (5,49%) e Goiânia (5,93%).
Já as capitais com cesta básica mais cara – ou seja, que exige mais horas de trabalho para comprá-la – foram São Paulo (R$ 690,51), Florianópolis (R$ 689,56) e Porto Alegre (R$ 682,90). Entre as cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 478,05), João Pessoa (R$ 510,82) e Salvador (R$ 518,21).
Os preços dos alimentos básicos, principalmente os que são commodities, seguiram elevados em 2021, por dois principais fatores: o dólar alto, atraente para as exportações e influenciando negativamente os custos de produção (preços dos insumos); e os problemas climáticos, como seca e geada.
Em contrapartida, outros produtos tiveram redução de preço, uma vez que a economia seguiu em baixa, com poucos empregos criados, crescimento da informalidade e alto desemprego, o que freou o consumo. Muitos produtores não conseguiram repassar os aumentos para o preço final.
Os dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos mostraram que, entre dezembro de 2020 e de 2021, nove produtos tiveram alta acumulada de preços em quase todas as capitais pesquisadas: carne bovina de primeira, açúcar, óleo de soja, café em pó, tomate, pão francês, manteiga, leite integral longa vida e farinha de trigo, no Centro-Sul, e de mandioca, no Norte e Nordeste.
Com informações da RBA