O “apagão” de Bolsonaro: alta da energia prejudica 90% dos brasileiros
Nove em cada dez dizem estar preocupados com a possibilidade de racionamento ou de apagões no futuro próximo, e 70% acreditam que houve descaso do governo Bolsonaro na crise
Publicado 04/01/2022 11:08 | Editado 05/01/2022 12:20
A vida dos brasileiros piorou em 2021 com o “apagão” do governo Jair Bolsonaro. Conforme pesquisa do Ipec contratada pelo iCS (Instituto Clima e Sociedade), o aumento da conta de luz ao longo do ano passado causou grande impacto no orçamento de nove entre dez brasileiros. Para 90% dos entrevistados, o valor das tarifas de energia está impactando “muito” ou “um pouco” na rotina das famílias.
A inflação da conta de luz se deve, sobretudo, à demora do governo para enfrentar a pior crise hídrica do Brasil nos últimos 80 anos. Ao negligenciar a crise, o presidente negacionista submeteu o País ao risco de falhas – e mesmo de cortes – no fornecimento de energia elétrica. Uma das saídas tardias do governo foi recorrer às termoelétricas, que são mais caras. A inflação da energia foi, assim, jogada nas costas da população.
Segundo o iCS, o gasto com gás e energia elétrica já compromete metade ou mais da renda de 46% das famílias brasileiras – e 10% já se encontram com quase toda a renda familiar comprometida com esses gastos. Para poder pagar a conta de luz hoje, 40% dos brasileiros diminuíram ou deixaram de comprar roupas, sapatos e eletrodomésticos. Além disso, 22% diminuíram a compra de alimentos básicos para garantir a energia em suas casas – índice que chega a 28% entre os nordestinos. Outros 14% deixaram de pagar contas básicas, como as de água e gás encanado.
O levantamento ainda traça uma mudança de comportamento dos brasileiros para tentar diminuir a conta de luz. Segundo o iCS, 49% afirmam ter adotado ações como tomar banho mais rápido e desligar as lâmpadas para economizar na conta de luz. Na mesma linha, 44% dizem ter deixado de usar ou ter reduzido o uso de eletrodomésticos que consomem muita energia; 42% substituíram lâmpadas por outras mais econômicas e 23% passaram a evitar o consumo nos horários de pico. Só 5% declaram usar fontes alternativas renováveis, como a solar, e 18% não mudaram hábitos.
Para 52%, o que mais pesou no bolso foi o aumento do botijão de gás, enquanto 42% apontaram o custo da energia elétrica como maior impacto. Segundo a pesquisa, um em cada dez brasileiros passou a usar lenha para cozinhar e 6% passaram a usar carvão.
Afora os gastos mais altos com energia e gás, 52% das famílias notaram interrupções no fornecimento de água nos últimos 12 meses. No Nordeste, o número sobe para 61%. Nove em cada dez dizem estar preocupados com a possibilidade de racionamento ou de apagões no futuro próximo, e 70% acreditam que houve descaso do governo na crise.
O Ipec ouviu 2002 pessoas com 16 anos ou mais, em todas as regiões do Brasil, entre os dias 11 e 17 de novembro.
Com informações do Valor Econômico