Bolsonaro deforma Prouni e ataca quem mais precisa do ensino superior
Além de liberar acesso a estudantes do setor privado, o presidente ataca cotas destinadas a negros, povos indígenas e pessoas com deficiência
Publicado 08/12/2021 14:50 | Editado 08/12/2021 19:14

Com uma Medida Provisória 1075/21, publicada nesta terça-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro liberou o acesso de estudantes de colégios particulares ao Programa Universidade para Todos (Prouni), alterando o caráter inclusivo do projeto.
O programa, criado em 2004, concede bolsas de estudo de 50% a 100% em instituições de ensino superior particulares a alunos que concluíram o ensino médio na rede pública ou como bolsistas integrais (ou seja, se não pagaram mensalidade) nas escolas do setor privado.
Agora, alunos que fizeram o “ensino médio completo em instituição privada, na condição de bolsista parcial da respectiva instituição, ou sem a condição de bolsista” também terão acesso.
Bolsonaro modificou ainda os critérios para distribuição de cotas para negros, povos indígenas e pessoas com deficiência. Com a medida, o percentual de pretos, pardos ou indígenas e pessoas com deficiência será considerado de forma isolada, e não mais em conjunto.
Repercussão
Ministro da Educação no governo Lula, quando o Prouni foi criado, Fernando Haddad disse que as mudanças acabam com o espírito do programa.
“Bolsonaro sabe que vai perder e quer arrasar o país antes de deixar o Planalto. Típico do fascismo!”, escreveu no Twitter.
Parlamentares do PCdoB na Câmara dos Deputados também usaram as redes sociais para protestar contra a medida. Para o vice-líder da Bancada, Orlando Silva (SP), a edição da MP “é uma clara tentativa de afastar quem mais precisa do acesso ao ensino superior privado no Brasil”.
Já a deputada Jandira Feghali (OCdoB-RJ), vice-líder da Minoria, destacou que o projeto de Bolsonaro e Guedes “é deixar os pobres cada vez mais pobres”.
“É um crime destruir o Programa Universidade para Todos (PROUNI). No fundo, eles têm ódio do filho do porteiro ter virado doutor”, disse.
O deputado Rubens Jr (PCdoB-MA) observou que ao assegurar vagas a estudantes da rede pública no ensino superior, o Prouni colocou milhões de jovens pobres da periferia na faculdade. “O Brasil é desigual, portanto esta inclusão é justa e necessária”, frisou.
“Quando Bolsonaro libera o Prouni para alunos de escolas privadas, ele acentua a desigualdade de oportunidades. A flexibilização do Prouni é um erro proposital que faz parte do projeto de desmonte da Educação no país”, denunciou o parlamentar.
O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) afirmou que o slogan usado por Bolsonaro – “Brasil acima de tudo” – na verdade coloca a educação abaixo de tudo.
“Isso é inadmissível. Sigamos pela defesa do Prouni, pois não aceitaremos outra tentativa do governo Bolsonaro em destruir o ensino superior no país. Educação, sim!”, postou nas redes.
Para o líder da Minoria, Marcelo Freixo (PSB-RJ), trata-se de mais uma política de aniquilamento do país. “Depois de destruir o Bolsa Família, agora Bolsonaro quer desmontar o ProUni. Não é um governo, é um parasita que está destruindo o Brasil”, disse.
O deputado Helder Salomão (PT-ES) destacou que o Prouni foi criado pelo governo Lula para beneficiar alunos que não tem condições de pagar pelo ensino superior. “Milhões de jovens, no Brasil inteiro, foram beneficiados. Agora, Bolsonaro muda o programa para beneficiar quem pode pagar pelos estudos. UM ABSURDO!”, escreveu no Twitter.
“Política pública ruim, que compromete o combate às desigualdades, nos olhos dos outros é refresco né, Bolsonaro? Li esse fio que explica de forma superdidática os porquês da MP do Prouni ser um retrocesso”, afirmou a deputada Tabata Amaral (PSB-SP).
Fonte: Liderança do PCdoB na Câmara dos Deputados