Ex-ministra diz que 29 milhões de pessoas estão fora do Auxílio Brasil
“A população pobre, que hoje vive insegurança alimentar gravíssima, vai viver uma insegurança não só para 2022 como também em 2023”, disse Tereza Campello
Publicado 24/11/2021 10:41 | Editado 24/11/2021 10:56
A economista Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo de Dilma Rousseff, alerta para o agravamento do quadro de fome e pobreza no país. De acordo com ela, o novo Auxílio Brasil deixará milhões de brasileiros ‘completamente desassistidos’ a partir do ano que vem, além de submeter as famílias pobres a uma situação de insegurança total.
“A população pobre, que hoje vive insegurança alimentar gravíssima, vai viver uma insegurança não só para 2022 como também em 2023”, disse a ex-ministra. Segundo ela, cerca de 29 milhões de pessoas teriam sido excluídas do Auxílio Brasil.
Em audiência nesta semana no Senado, a ex-ministra compartilhou em sua apresentação dados sobre o conjunto da população que deveria ser “objeto de estudo” do novo programa, mas que acabou ficando fora de qualquer tipo de auxílio.
“Até o período recente, tínhamos quase 44 milhões recebendo benefícios, sendo auxilio emergencial ou Bolsa Família. E esse é o problema central: todas as famílias foram excluídas sem que nenhuma informação fosse avaliada. O governo sabia que o auxílio emergencial seria interrompido. Essas famílias deveriam ter sido informadas, convidadas a se cadastrar para que pudessem ter uma migração séria. Isso não foi feito e famílias foram eliminadas, um corte cego, sem nenhuma avaliação profissional”, criticou. “Não adianta ignorar a realidade: 29 milhões foram excluídas do auxílio”, disse a ex-ministra.
Precatórios
Tereza Campello ainda falou sobre a postergação do pagamento dos precatórios vai gerar insegurança jurídica e produzir grande passivo, que terá de ser pago pelos futuros governos. Além disso, para ela, os programas de transferência de renda deveriam ficar fora do limite do teto de gastos.
“Muito melhor do que fazer de conta que está se mantendo o teto, é melhor ter transparência. Eu acho que mais eficiente do que deixar os precatórios fora do teto seria deixar os próprios programas de transferência de renda, a proteção de renda, fora do teto, além da recomposição dos benefícios do INSS e de uma discussão sobre vacinação, porque não existem recursos suficientes para a vacina no ano que vem. E eu chamo a atenção de que não existe nenhuma salvaguarda para que os programas de transferência de renda se mantenham, a partir de 2023. Portanto, essa é uma questão fundamental”, disse a ex-ministra.
Com informações do Reconta Aí e Agência Senado