Pelo fim da violência contra as mulheres, Bolsonaro nunca mais

Como a situação se deteriorou no desgoverno de Jair Bolsonaro, as mulheres promovem a manifestação “Bolsonaro Nunca Mais”, no sábado (4 de dezembro) para reafirmar “a luta das mulheres por igualdade de direitos para todas as pessoas”

Imagem: CTB/Reprodução

A secretaria da Mulher Trabalhadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) se reuniu virtualmente na quarta-feira (17) para combinar a atuação das cetebistas em todas as manifestações programadas para empoderar a luta pelos direitos de todas as pessoas a uma vida digna.

“Estaremos nas redes e nas ruas fortalecendo a luta da mulher trabalhadora por paridade de gênero no movimento sindical e nos movimentos sociais”, afirma Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB.

Para tanto, “programamos a nossa participação nas marchas da consciência negra em todo o país com o lema “Fora Bolsonaro Racista”, já que “são as mulheres negras as que mais sofrem com os direitos atacados por este desgoverno” que é “destruidor de sonhos e vidas”.

A argumentação da sindicalista se confirma com os altos índices de assassinatos de jovens pretos nas periferias. Um negro tem quase 3 vezes mais possibilidade de ser morto do que um branco. Além disso, “os salários são menores e há poucas negras e negros em cargos de chefia”, analisa Lucimara da Silva Cruz, secretária de Promoção da Igualdade Racial da CTB.

Pesquisa da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) mostra que 59,25% das pessoas estavam em cargos de diretoria eram brancas, enquanto 25,07%, negras. Em cargos de gerência a situação praticamente se mantém com 59,27% de pessoas brancas e 27,6% de negras.

“Historicamente, as mulheres negras estão em situação ainda pior, ganhando em média menos da metade do que os homens brancos”, acentua Lucimara. Por isso, no Brasil, reforça Celina, “começamos a campanha de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres no Dia da Consciência Negra (20 de novembro)”, aliando “a nossa luta por equidade de gênero e o movimento antirracista” e neste ano “somamos à Campanha Nacional Fora Bolsonaro”.

De acordo com Celina, as mulheres da CTB sabem da imensa responsabilidade de intensificar os movimentos contra a violência de gênero, que “cresce assustadoramente no país”. A começar pelo mercado de trabalho onde “as mulheres são as primeiras a serem demitidas e as últimas a se realocarem”, garante.

Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que no terceiro trimestre de 2020 apenas 45,8% das mulheres estavam empregadas, 7,5 pontos percentuais a menos do que em 2019, quando 53,3% das mulheres estavam trabalhando. Já de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres ganhavam, em média, 77,7% do salário pago aos homens.

E como a situação se deteriorou no desgoverno de Jair Bolsonaro, as mulheres promovem a manifestação “Bolsonaro Nunca Mais”, no sábado (4 de dezembro) para reafirmar “a luta das mulheres por igualdade de direitos para todas as pessoas”, analisa.

Ato dos movimentos feministas contra Bolsonaro em setembro de 2018 I Foto: Lia Bianchini/Brasil de Fato

Thaisa Daiane da Silva, secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), explica que a vida das agricultoras familiares tem piorado muito com a diminuição das verbas e créditos destinados à agricultura familiar.

“As mulheres trabalham duro na roça e nos afazeres domésticos e veem crescer a dificuldade de manter uma produção sustentável, cuidar de casa e de si mesmas”.

Os dados da Abong confirmam o que ela diz porque as mulheres dedicam semanalmente 21,4 horas aos trabalhos domésticos, quase o dobro das 11 horas dedicadas pelos homens aos trabalhos de casa. Isso na cidade e no campo.

Celina destaca a importância da campanha dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, que no mundo são 16 Dias, porque “a violência doméstica cresceu terrivelmente durante a pandemia” como mostra pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo a pesquisa, uma em cada quatro mulheres sofreu algum tipo de violência em 2020.

“As mulheres continuarão nas redes e nas ruas intensificando as campanhas por seus direitos e contra a violência, o racismo, o assédio moral e sexual”, garante Celina.

“A CTB entende que o movimento sindical é parte importantíssima nessa luta que levaremos adiante de todas as maneiras possíveis para derrotar Bolsonaro” e com isso “reconstruir o Brasil para as brasileiras e brasileiros”.

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