Câmara aprova PEC do Calote em segundo turno para driblar teto de gastos
Oposição defendeu pagamento de Auxílio Brasil, mas sem deixar de pagar dívidas judiciais. Deputados desconfiam de uso dos recursos do calote.
Publicado 10/11/2021 08:22 | Editado 10/11/2021 10:34

A Câmara dos Deputados aprovou, na noite de hoje (9) em segundo turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permite o parcelamento de precatórios e altera o cálculo do teto de gastos, liberando R$ 91,5 bilhões para o Orçamento do próximo ano. O texto-base foi aprovado por 323 votos a favor, 172 votos contrários e uma abstenção.
Os parlamentares votaram e rejeitaram quatro destaques. O texto segue para análise do Senado, onde precisa ser também precisa ser aprovado em dois turnos, com, pelo menos dois terços de votos favoráveis.
No início da noite, o Plenário conclui a discussão dos destaques e aprovado a PEC em primeiro turno. Após um acordo que quebrou o insterstício (intervalo) de cinco sessões entre o primeiro e o segundo turno, os deputados discutiram o texto por pouco mais de uma hora e votaram o texto-base em apenas 18 minutos.
O resultado da aprovação do segundo turno foi proclamado por volta das 23h45.
O placar desta terça-feira demonstrou uma ampliação da vantagem dos votos favoráveis em relação ao primeiro turno. Na semana passada, o texto-base foi aprovado por 312 votos a favor e 144 contra, com apenas quatro votos além dos 308 necessários para aprovar mudanças na Constituição.
A sessão estende-se por quase doze horas. Ao longo da tarde, os deputados votaram os destaques em primeiro turno. Apenas um destaque, de autoria do Partido Novo, foi rejeitado, retirando da PEC a possibilidade de que o governo encaminhe, junto com a proposta do Orçamento, uma autorização especial que autoriza o descumprimento da regra de ouro, espécie de limite para a dívida pública. Os demais destaques foram aprovados.
Repercussão
Votei CONTRA a PEC 23, a PEC do calote! ?#NãoAPEC23 #CaloteNão #Precatórios #Educacao #Orçamento #Votação pic.twitter.com/DTArd5nkWr
— Renildo Calheiros (@renildo) November 10, 2021
VERGONHA!!! A Câmara acaba de escrever uma página tétrica de sua história ao aprovar a PEC do Calote.
Nós, da Oposição, combatemos o bom combate. Agora é barrar no Senado e enterrar o famigerado Orçamento Secreto no Supremo. A luta continua!
— Orlando Silva (@orlandosilva) November 10, 2021
Mais uma vez voto NÃO à PEC dos Precatórios. Somos a favor do pagamento do auxílio, mas não precisamos dar um calote de R$ 90 BILHÕES para fazermos isso. O que Bolsonaro quer de verdade é torrar esse dinheiro comprando apoio de deputado do centrão. pic.twitter.com/uK554D3bte
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) November 10, 2021
PEC dos Precatórios? Não precisa da PEC dos Precatórios para garantir o Auxílio Brasil. Essa PEC dá um calote em professores e em brasileiros que ganharam causas na Justiça e só é necessária para garantir o absurdo de afanar 20 bilhões do orçamento público para Emendas Secretas.
— Marina Silva (@MarinaSilva) November 9, 2021
Entenda a PEC dos Precatórios
A PEC define o valor de despesas anuais com precatórios, corrige seus valores exclusivamente pela taxa Selic e muda a forma de calcular o teto de gastos.
Pelo texto-base aprovado, os precatórios para o pagamento de dívidas da União relativas ao antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), atual Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), deverão ser pagos em três anos, sendo 40% no primeiro ano, 30% no segundo e 30% no terceiro ano.
A redação aprovada engloba o texto da comissão especial que discutiu a proposta, segundo o qual o limite das despesas com precatórios valerá até o fim do regime de teto de gastos (2036). Para o próximo ano, esse limite será definido com a aplicação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado ao valor pago em 2016 (R$ 19,6 bilhões).
A estimativa é que o teto seja de quase R$ 40 bilhões em 2022. Pelas regras atuais, dados do governo indicam um pagamento com precatórios de R$ 89 bilhões em 2022, frente aos R$ 54,7 bilhões de 2021.
Na prática, a PEC abre espaço fiscal no Orçamento da União para o pagamento do novo benefício assistencial criado pelo governo, o Auxílio Brasil, que poderá ter o valor mensal de R$ 400.
Com informações da Agência Brasil