Indiciamento de Bolsonaro no relatório é certo, diz relator da CPI da Covid
“Não vamos falar grosso na investigação e miar no relatório”, disse Renan Calheiros, antes de tomar o depoimento nesta terça-feira (5) do sócio da empresa de logística VTCLog Raimundo Nonato Brasil
Publicado 05/10/2021 11:17 | Editado 05/10/2021 11:44
O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), diz que ao final dos trabalhos do colegiado, previsto para o próximo dia 20, o indiciamento de Bolsonaro e mais de 30 pessoas é certo. “Não vamos falar grosso na investigação e miar no relatório”, disse ele, antes de tomar o depoimento nesta terça-feira (5) do sócio da empresa de logística VTCLog Raimundo Nonato Brasil.
De acordo com o relator, Bolsonaro “certamente será” indiciado pelo que praticou. Além dele, Renan disse que estarão na lista ministros, os que tiveram participação efetiva no gabinete paralelo e todos que tiveram responsabilidade no desvio de dinheiro público, “na roubalheira”.
“Essas pessoas serão responsabilizadas. Nós utilizaremos os tipos penais de crime comum, do crime de responsabilidade, do crime contra a vida e do crime contra a humanidade. Estamos avaliando com relação a indígenas a utilização do genocídio”, afirmou aos jornalistas.
A partir do dia 15, diz Renan, o relatório estará pronto para que ele possa conversar com os juristas e colegas da CPI para verificar os tipos criminais que serão utilizados. Antes do documento ser votado pela comissão, ele diz que haverá ainda uma pequena cerimônia no dia 19 e depois a leitura do relatório. Nela estarão parentes de vítimas da Covid-19 de todos os estados.
Depois o documento será enviado à Procuradoria-Geral da União (PGR), Tribunal de Contas da União (TCU) e os Ministérios Públicos dos estados e Distrito Federal. Ele explicou que a PGR serão enviados “só o que interessa”, a exemplo, daqueles que possuem foro privilegiado.
Questionado sobre a reconvocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o relator avaliou que não há tempo hábil para isso, uma vez que esta semana é a última de oitiva. Mesmo assim, ele aproveitou para criticar a conduta de Queiroga.
“O ministro ao longo dos dias tem virado negacionista, chegando ao cumulo de suspender a vacinação de adolescentes, na melhor logica de que a vacinação não tem a menor importância e o que vale mesmo é a imunização de rebanho pela elevação do contágio dos vírus”, protestou.
O relator disse que a CPI fez um trabalho dedicado com “entrega de corpo e alma”. “Agora que estamos na reta final precisamos colocar o Boieng na pista. A CPI é única em vários aspectos: protegeu a vida, defendeu a ciência, foi antinegacionista, impactou a vida nacional, agilizou o calendário das vacinas e continuamos cobrando vacina, pois não sabemos como será no próximo ano”, disse.
Confira a entrevista: