Senador Contarato acusa depoente na CPI de homofobia e cobra apuração

“Fiz esse desabafo na CPI hoje diante do depoente que me agrediu. Homofobia é crime! Aprendi com meus pais a respeitar as pessoas. Orientação sexual não define caráter”, disse o senador do Espírito Santo

Senador Fabiano Contarato, que fala na CPI sobre o ataque, é observado pelo depoente (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado)

Acusado de propagar e financiar fake news contra uso de máscara, vacinação e a favor do tratamento precoce (uso de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19), o empresário Otávio Fakhoury pode responder por outro crime: homofobia. O bolsonarista, que depõe nesta quinta-feira (30) no colegiado, utilizou um Twitter do senador Fabiano Contarato (Rede-ES) para publicar texto homofóbico contra o parlamentar.

Num depoimento emocionante, Contarato diz que expôs sua família e sua vida para que outras famílias LGBT não sofram a mesma situação. “Fiz esse desabafo na CPI hoje diante do depoente que me agrediu. Homofobia é crime! Aprendi com meus pais a respeitar as pessoas. Orientação sexual não define caráter”, afirmou.

O parlamentar destacou que se o depoente faz ataque a ele que é senador, imagina a outros que vivem num país que mais mata a população LGBTQIA+. Portanto, cobrou que o depoente deveria pedir desculpas não só a ele, mas a toda a população.

“Assim como Martin Luther King teve um sonho, eu também tenho um sonho. Eu sonho com um dia em que eu não vou ser julgado por minha orientação sexual. Eu sonho com um dia em que meus filhos não serão julgados por serem negros. Eu sonho com um dia em que minha irmã não vai ser julgada por ser mulher e que o meu pai não será o julgado por ser idoso”, disse Contarato.

Os ataques desferidos pelo empresário, na avaliação do senador, é típico do que representa Bolsonaro em defesa da família tradicional. “Mas a minha família não é pior do que a sua, porque a mesma certidão de casamento que o senhor tem eu também tenho; que fala na pátria, que fala na legalidade, que fala na moralidade, mas o senhor é o principal violador dessa legalidade e moralidade; que fala em Deus acima de todos. Deus está no meio de nós.”

Por fim, o senador requereu ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), que remeta as cópias das postagens à Polícia Legislativa para que apure o crime de homofobia praticado pelo depoente.

“Não vai ser a responsabilidade penal, não vai ser responsabilidade civil, não vai ser nenhuma responsabilidade administrativa que vai tirar a dor que o senhor me causa, que o senhor me ocasionou. O senhor nunca me viu, o senhor nunca conheceu minha família, o senhor não conhece meus filhos, mas nada lhe dá direito de fazer o que o senhor fez, porque essa dor é incomensurável. Não tem dinheiro que pague isso”, lamentou.

A CPI da Pandemia também encaminhou a denúncia ao Ministério Público Federal. 

Em resposta, Fakhoury afirmou que foi um comentário “infeliz” e que “não teve a intenção de ofender”. 

Autor