Publicado 25/09/2021 19:24 | Editado 26/09/2021 10:27
Desde 1955, o Brasil inaugura os pronunciamentos de países membros na Assembleia Geral da ONU, como presidiu a primeira Assembleia Especial das Nações Unidas, em 1947, com o diplomata Osvaldo Aranha. Uma tradição que demarca a importância do país no cenário internacional pós-guerra. Porém, no exato momento de maior crise sanitária, ambiental, migratória e sócio-econômica, sobe à tribuna da septuagésima sexta Sessão o que de pior o país produziu, Jair Messias Bolsonaro, a barbárie personificada em tempos neoliberal e neocolonial. “O brazil tá matando o Brasil”.
Em seu delírio de chefe da república dos boçais, o Genocida abusou da mentira e exagerou no cinismo ao inventar uma realidade para encaixar os auto-elogios, ajustando a nação brasileira à sua pequenez. Uma encenação patética a nos lembrar que precisamos remover os entulhos tóxicos acumulados no pântano da história a contaminar toda a sociedade. Assim é o bolsonarismo: subproduto da exploração sem limites, do preconceito e uso da força desmedida para esmagar as diferenças e reações e manter privilégios, do desprezo pelo trabalho e pelo povo, da ocultação dos fatos e negação da ciência, do orgulho vazio e subalterno alimentado na imitação e humilhação do outro.
Resultado dessa latência secular, que ainda o mantém no governo, o aspirante a tirano segue se inviabilizando cada vez mais no país e no mundo. Sua permanência no Planalto é o aprofundamento de todas as crises, a perda de credibilidade e de parceiros comerciais, a fuga de capitais produtivos e a quebra da economia. Mesmo qualquer injeção no consumo será absorvida por preços dolarizados e limitada pelo iminente risco de apagão energético. Os problemas sociais só se agravam com a pandemia, com o desemprego, com a inflação e juros altos; a insegurança alimentar e a fome já atingem 60% dos brasileiros.
As sobrevidas ofertadas ao (des)governo parecem querer ganhar tempo para saídas à direita, valorizar o apoio ou apostar em um não descartável segundo turno, em 2022, diante da resiliência apresentada nas pesquisas de opinião, apesar da tragédia instalada. Portanto, enquanto as classes dominantes claudicam por cálculo ou por medo e os movimentos político-sociais não tomam o corpo e o rumo necessários para expurgar de imediato o miliciano, o país definha e as crises se acumulam, revestindo o horizonte incerto com nuvens propícias a tempestades.
O medo de golpe palaciano, de impeachment ou de perder as eleições impulsionam Bolsonaro reagir mais agressivo e de forma desestabilizadora, mas mantendo em bloco seu filão de apoiadores dispostos a tudo por ele. O auto-golpe frustrado de 7 de setembro demonstrou, que embora aquéns dos objetivos traçados, as mobilizações pró-fascista, em todos os Estados, acusam a capacidade de organização, estrutura e foco da ultradireita militante. Um contigente de 15% da população adulta, adeptos fiéis espalhados no campo e na cidade, nas igrejas e nos órgãos de repressão, nas milícias e nas Forças Armadas.
Apesar de todos os pesares (perto de 600 mil mortes), o (des)governo mantém aprovação de 45% entre ótimo e bom (22%) e regular (23%); 28% ainda confia no presidente e 23% continuam votando nele. De pesquisa em pesquisa , o derretimento é lento. As reações às atitudes golpistas do Genocida, fundamentais à democracia, ainda não fazem frente à dimensão do perigo. Todos esses elementos dão substância para maiores aventuras que podem levar ao caos, a luta fratricida e soluções de arbítrio.
Importante é que o Brasil é imensamente melhor e maior que a escória bolsonarista. Amplia-se a consciência de que o capitão de milícias prejudica o país de todas as maneiras, envergonha a nação perante o mundo, leva à degeneração e à insolvência. Seu isolamento acentua-se à proporção que as máscaras caem e se revelam toda a boçalidade e a carcomida face da velha política (leia-se necropolítica) no retrato escondido no porão empoeirado. Assim, aumenta o número daqueles que por diversos motivos querem livrar-se imediatamente dele.
Entretanto, a saída passa pela política, pela conjugação de amplas forças capazes de derrotar Bolsonaro seja pelo impeachment seja nas eleições de 2022, garantindo uma solução democrática e a retomada do crescimento e dos direitos sociais. A construção da Frente Ampla não comporta exclusivismo nem salvador da pátria; mas exige das forças progressistas um grau maior de participação e unidade para influir nos rumos e na dinâmica do processo. E, nesse sentido, as grandes mobilizações de rua ampliadas têm papel determinante.
Que 02 de outubro seja grande!
Fora Genocida!