Conass ameaça judicializar suspensão da vacina para adolescentes

Ministério da Saúde recomendou a suspensão da imunização contra Covid-19 de adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades e gerou uma cadeia de crises internas.

Ministro da Saúde Marcelo Queiroga, em coletiva de imprensa sobre vacinação de adolescentes Brasília-DF, 16/09/2021 Foto: Walterson Rosa/MS

O vice-presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, disse em entrevista à CNN, nesta sexta-feira (17) que se o Ministério da Saúde não revisar a suspensão da vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades, o assunto será judicializado.

O governo federal recomendou a suspensão da imunização contra a Covid-19 nesse público em uma nota técnica divulgada nesta quinta-feira (16). Passa a ser recomendada a vacinação nesta faixa etária somente em adolescentes que apresentem deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade.

“Foi estarrecedor receber a informação por meio de uma nota informativa, vaga e que não é clara nem [sobre] a suspensão nem sobre as contraindicações da vacina nos adolescentes”, falou Fernandes.

O presidente do Conass disse ainda que os posicionamentos sobre a vacinação de adolescentes sem comorbidades já estão consolidados dentro do próprio Ministério, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e nas sociedades técnicas e científicas.

“A decisão foi tempestiva, unilateral e inoportuna. Ela atendeu a um pedido do presidente da República de trazer para dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) premissas de lógicas antivacinas. Essa posição deverá ser confrontada hoje na reunião da Câmara Técnica Assessora e encaminhada para uma judicialização, caso o Ministério da Saúde não reveja o posicionamento unilateral anunciado.”

Ao comentar a confirmação de que a morte da adolescente vacinada não foi consequência da vacinação, Fernandes lamenta que o dano à confiança na segurança das vacinas foi equivalente a um duro golpe no Plano Nacional de Imunização (PNI/MS). Ele defende que, seguindo o exemplo do Presidente da República, o #SUS e o povo brasileiro merecem uma “Nota a Nação II” por parte das autoridades responsáveis.

Outro prejuízo mencionado por ele, foi a crise instaurada no Ministério. Os membros da câmara técnica do PNI exigiram mudança de posição e retratação do Ministério em relação à suspensão da vacinação sob pena de entregarem suas posições na câmara. Eles querem que a pasta diga claramente que a câmara não foi consultada na decisão pela suspensão e que se comprometa a retomar a vacinação dos adolescentes.

Com informações da CNN Brasil

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