Um prêmio para chamar de seu, para si
Até Michelle rachou o prêmio com o resto da família. E numa explanação sobre a importância das fake news para as telecomunicações do Brasil, ela soube que seu casamento jamais foi atingido por elas.
Publicado 15/09/2021 10:49
Se o Brasil tiver um futuro, vai ser difícil explicar para as novas gerações as inúmeras inovações do Governo Bolsonaro. O Prêmio Marechal Rondon de 2021 será uma delas, um prêmio criado pelo governo para premiar a família Bolsonaro e seus amigos e subalternos, numa rachadinha perfeita. Surpreende que o troféu não venha junto com um bom prêmio em dinheiro.
Muito se perguntou na internet qual a contribuição dessa gente toda para as telecomunicações. Qual o critério de escolha? Muito simples: Bolsonaro revolucionou as telecomunicações brasileiras criando o maior sistema de desinformação e fake news da história da República, a partir de um gabinete dentro do próprio Palácio do Planalto. Ficou tão difícil se comunicar com a população, que a própria base de Bolsonaro não consegue mais saber se quem fala é ele, mesmo, ou algum comediante. O governo de memes e da piada pronta, como diria José Simão!
Até a primeira-dama Michelle Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, receberam ontem o prêmio Marechal Rondon de Comunicações. Além dos três, também foram agraciados 12 ministros de Estado, além de parlamentares e funcionários do governo e de estatais. A maioria não tinha nada a ver com o setor de telecomunicações.
O prêmio Marechal Rondon foi criado em abril deste ano com o objetivo de homenagear personalidades que contribuem para o avanço das telecomunicações no Brasil e também para justificar o cargo do ministro Fábio Faria. Durante a entrega, que aconteceu numa tarde melancólica em solenidade no Palácio do Planalto, não houve nenhuma explicação sobre o motivo para a escolha dos premiados.
O prêmio, que leva o nome do patrono das comunicações, Marechal Rondon, foi instituído em portaria publicada em 14 de abril de 2021 no Diário Oficial da União. A homenagem ocorrerá anualmente e premiará campanhas, programas, movimentos de cunho social, civis ou militares. Os indicados ao prêmio serão contemplados com respectivo diploma assinado pelo ministro da pasta.
Temos que admitir que a premiação a Bolsonaro foi plenamente justificada, para garantir o clima de stand up e a animação do “tio do pavê”. Falou sobre a importância das fake news para a sociedade e até para um casamento feliz.
Bolsonaro afirmou que não é necessário tentar impedir a circulação de notícias falsas, uma vez que elas “fazem parte da nossa vida” e “morrem por si só”. “Fake news faz parte da nossa vida. Quem nunca contou uma mentirinha para a namorada? Se não contasse, a noite não ia acabar bem”, disse, aos risos. “Eu nunca menti para Michelle”, completou o comentário machista. No final deste dia, Bolsonaro sofreu uma nova derrota pelo STF, que devolveu a medida provisória em que o presidente defende as fake news dos ataques das notícias verdadeiras.
No total, 44 pessoas receberam o prêmio. Além dos três Bolsonaro, 12 ministros, seis parlamentares, o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro de Andrade, o presidente dos Correios, Floriano Peixoto, e cinco ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) foram homenageados.
No palco, quase metade das autoridades não usava máscara, já acostumados com o protocolo dos eventos bolsonaristas. Bolsonaro, os ministros Fábio Faria, Luiz Eduardo Ramos e Ciro Nogueira, além do ex-presidente e senador Fernando Collor (Pros-AL) não usavam o item de proteção.
O presidente do cercadinho da Alvorada fez piada até com os jornalistas, depois de ganhar o prêmio da Fenaj de pior presidente da história para a imprensa. “A nossa liberdade de imprensa, com todos seus defeitos, tem que persistir. É melhor ela falando do que calar. Nosso governo conversa com todo mundo”, disse ele, se posicionando contra a regulação da mídia.
“O que seria do executivo sem o Senado, sem a Câmara? e também, por que não dizer, em muitos momentos, sem o nosso STF? Nós somos um só corpo”, falou Bolsonaro em seu stand up. Todos rimos.
A internet foi injusta com tamanho esforço do governo para gerar memes e tuítes. A maioria das manifestações nas redes foram dos premiados e de perfis oficiais de ministérios. Veja alguns abaixo:
Quando você algum dia se achar ridículo, lembre-se que o governo Bolsonaro teve a capacidade de criar um prêmio pra se auto premiar kkkkk
“O prêmio Marechal Rondon foi criado com o objetivo de homenagear personalidades que contribuem para o avanço das telecomunicações no Brasil” pic.twitter.com/UzjhihZrrm
— MIDCast | Podcast de Política (@podcastmid) September 15, 2021
Nenhum governo antes havia concedido aos seus membros e apaniguados tantas medalhas e premiações diversas.
Hj foi a vez do prêmio Marechal Rondon de Comunicações, criado em Abril desse ano.
Alguns agraciados: Bozo, Micheque, Flávio Peculato, Lira, Toffoli,Ciro Nog.,Damares,etc.
— Magno R. Lima ▶️???◀️ ☘️ (@MagnoRLima021) September 15, 2021
?? Em meio à crise, o aceno: Toffoli, Alcolumbre, Lira e Pacheco recebem Prêmio Marechal Rondon de Comunicações em solenidade no Palácio do Planalto. Presidente do Senado sentou-se ao lado de Bolsonaro, Toffoli chegou atrasado e Fux não veio
— fabio murakawa (@fabiomura) September 14, 2021
@secomvc não vai publicar nada sobre o Prêmio Marechal Rondon e o gasto desnecessário de tempo de dinheiro público pra dar prêmio pra família @jairbolsonaro? Não tem trabalho pra fazer não? Já não basta o presidente ser preguiçoso ainda ficam inventando prêmio?
— DoAssogue (@doassogue) September 15, 2021
Meu Deus do céu!!Eu preciso que você me explique isso !
Vc, seu filho,sua esposa e alguns subalternos ganharam o Prêmio Marechal Rondon que vcs mesmos criaram??
E vcs foram escolhidos por quem e por que??
E que prêmio é esse afinal??
Qual a contribuição de vcs?— Esonxx (@brasildvdd) September 15, 2021