Covid-19: mortes recuam 30,4% e atingem menor média no ano

Dados da Fiocruz indicam menor média de mortes desde dezembro de 2020

Mauricio Bazilio/Governo do Rio de Janeiro

As mortes por covid-19 no Brasil, mais uma vez, atingiram o menor patamar no ano de 2021, segundo a média móvel de sete dias divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ontem (5), foi registrada uma média diária de 617 óbitos, o menor nível desde 28 de dezembro de 2020 (611 mortes).

Até o fim de agosto, o menor nível de mortes do ano havia sido registrado em 3 de janeiro (697). Em 27 de agosto, a média ficou abaixo desse patamar, ao apresentar 688 óbitos. A marca foi sendo batida dia após dia, até 2 de setembro, quando se chegou à média de 621.

Nos dias seguintes, a média ficou relativamente estável. Ontem, voltou a cair e a apresentar o menor patamar do ano.

A média de ontem representa um recuo de 21% na comparação com duas semanas antes. Já em relação ao mês anterior, a queda chegou a 30,4%.

O pico de óbitos na pandemia de covid-19 no país foi registrado em 12 de abril, quando foi observada uma média de 3.124 mortes, cinco vezes acima do número apresentado ontem pela Fiocruz.

A média móvel de sete dias é calculada somando-se os dados do dia em questão com os seis dias anteriores e dividindo-se o resultado por sete.

A Fiocruz destaca queda no número de óbitos pela décima semana consecutiva, com redução média diária de 1,6% durante a Semana Epidemiológica 34, de 15 a 28 de agosto. A incidência de casos confirmados nesse mesmo período caiu 2,4% ao dia e a taxa de positividade dos testes também está em queda.

Os cientistas do Observatório Covid-19 ressaltam que os valores médios registrados nesta última SE — 24,6 mil casos novos e 670 óbitos diários —  implicam na necessidade de atenção frente à hipótese de agravamento da pandemia, sobretudo pela difusão da variante Delta no momento em que grande parte da população ainda não completou o esquema vacinal. Atualmente, a taxa de letalidade está em torno de 2,8%, que é considerada alta frente a outros países que adotam medidas de proteção coletiva, testagem e cuidados intensivos para doentes graves.

“Apesar de ainda ser necessário avançar na ampliação e aceleração da vacinação, esse processo contribui para a importante tendência de redução da incidência e mortalidade, sendo notável o declínio no número absoluto de internações e óbitos em todas as faixas etárias”, dizem os pesquisadores do Observatório. Dados do MonitoraCovid-19, que reúne informações das secretarias estaduais de Saúde, mostram que 193 milhões de doses de vacinas foram administradas no Brasil. O plano de imunização atingiu 82% da população com a primeira dose e 39% com o esquema de vacinação completo, considerando as pessoas com mais de 18 anos.

Rejuvenescimento da pandemia

O declínio no número de internações e óbitos, notável em todas as faixas etárias, é menor nas idades acima de 80 anos. Quanto ao registro de óbitos, os dados indicam que o pico está se deslocando para as idades mais avançadas e reconstruindo o cenário observado no período anterior ao início da vacinação. A proporção de casos internados entre idosos, que já esteve em 27% (SE 23, 6 a 12 de junho), hoje se encontra em 48,4%. Já a fração dos óbitos, que encontrou na mesma semana 23 a menor contribuição (44,6%), hoje está em 71,1%. Em outras palavras, a reversão demográfica é mais dramática no que se refere ao número de mortes, porque a concentração está substancialmente maior nas faixas etárias mais longevas.

A análise demográfica desta última quinzena apresenta comparações entre a primeira Semana Epidemiológica (SE 1, de 3 a 9 de janeiro) e a de número 33 (SE 33, de 15 a 21 de agosto). Desde a SE 24 (13 a 19 de junho), para as internações hospitalares e de UTI, e desde a SE 23 (6 a 12 de junho), para os óbitos, houve uma reversão da idade média para os três indicadores. A mediana de internações hospitalares, ou seja, a idade que delimita a concentração de 50% dos casos, foi de 66 anos na SE 1 para 59 anos na SE 33. No caso das internações em UTI, os valores de mediana foram, respectivamente, 68 e 63 anos; para óbitos, 73 e 72 anos.

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