CPI mira negociação de vacina chinesa 70% mais cara que Pfizer e Coronavac

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), é suspeito de facilitar os contratos da Belcher com o Ministério da Saúde

Líder do governo Ricardo Barros depõe na CPI (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Os depoimentos da CPI da Covid vão se debruçar nesta semana sobre possíveis irregularidades na compra de vacinas pelo Ministério da Saúde. A primeira pessoa a ser ouvida será o empresário Emanuel Catori, um dos sócios da Belcher Farmacêutica, na terça-feira (24). O requerimento de convocação é do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Ele justifica que o depoimento do empresário é importante para esclarecer a venda da vacina chinesa Convidecia, do laboratório CanSino, por intermediação da Belcher Farmacêutica. A dose era negociada por um valor 70% acima do estipulado para a Coronavac e a Pfizer.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), é suspeito de facilitar os contratos da Belcher com o Ministério da Saúde.  No depoimento de Barros à CPI, no último dia 12, o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), expôs fotos do parlamentar ao lado de representantes da empresa. Ricardo Barros negou as supostas irregularidades e disse que a foto é de quando foi ministro da Saúde.

“Em uma audiência que está no Flickr do Ministério da Saúde, com todos as fotografias, onde o CEO da Belcher foi tratar com o ministro sobre um medicamento chamado Avifavir, que é um antiviral que foi distribuído largamente na Rússia, segundo eles com um efeito muito positivo, e que está aguardando definição da Anvisa. Teve registro negado. Eles estão recolocando a nomeação”, esclareceu Barros.

A Belcher Farmacêutica é de Maringá, cidade de Ricardo Barros. Segundo o senador Renan Calheiros, a pasta da Saúde expediu, em 4 de junho de 2021, enquanto ela representava o laboratório chinês CanSino, documentação de intenção para compra de 60 milhões de doses da vacina, ao custo de US$ 17, bem superior aos US$ 10 negociados para a CoronaVac e a Pfizer.  “O documento de intenção de compra foi assinado pelo secretário de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros. Após a divulgação, o próprio laboratório descredenciou a Belcher no dia 10 de junho deste ano”, afirma Renan.

Na quarta-feira (25), o representante do FIB Bank vai comparecer ao colegiado, Roberto Pereira Junior. O FIB Bank, emitiu uma carta-fiança em favor da Precisa Medicamentos sobre 5% do valor do contrato de compra das vacinas indianas Covaxin com o Ministério da Saúde, que totalizava R$ 1,6 bilhão.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que o FIB Bank, apesar do nome, não é um banco.  O FIB Bank se define como uma “sociedade anônima, operando como Companhia Fidejussória que viabiliza garantias aos clientes que necessitam de apoio para participação em negócios”.

“Cabe ressaltar que esta comissão parlamentar de inquérito recebeu a informação de que o senhor Roberto Pereira Ramos Junior, apesar de constar, como presidente da empresa, tendo sua assinatura na ‘carta de fiança’, afirma não assinar nenhum documento pelo FIB Bank há pelo menos três anos”, informou o senador Randolfe no requerimento de convocação.

O ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco de Araújo Filho, que deixou o cargo depois de ser alvo da operação Falso Negativo, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que investiga fraude na compra de testes rápidos de covid-19 da Precisa, vai comparecer à CPI na quinta-feira (26). Ele foi alvo de uma operação na última quarta-feira (18) que investiga superfaturamento na contratação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) no DF.

Fonte: Congresso Em Foco

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