Entidades estudantis pregam defesa da educação “para salvar o Brasil”

Presidentas da UNE, Ubes e ANPG pulicaram artigo conjunto na Folha de S.Paulo

Neste 11 de agosto, Dia do Estudante, as entidades estudantis nacionais denunciaram o “estado de emergência” que o governo Jair Bolsonaro impõe à educação e conclamam os brasileiros a defenderem “a educação, o futuro e o desenvolvimento”. As presidentas da UNE (União Nacional dos Estudantes), Bruna Brelaz, da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), Rozana Barroso, e da ANPG  (Associação Nacional de Pós-Graduandos), Flávia Calé, pulicaram artigo conjunto publicado na Folha de S.Paulo.

“É preciso estancar os retrocessos promovidos pelo projeto de Bolsonaro”, afirmam elas. “Estamos vendo ruir os planos para o futuro de milhares de brasileiros após cortes de bolsas, falta de políticas para permanência, aumento do desemprego e dificuldades para estudar por falta de internet e adaptações no ensino híbrido.”

Elas lembram que, nos governos Lula e Dilma, houve “mudanças significativas em todos os níveis da educação”, com “a democratização do ensino superior”, “melhoras nos índices do ensino básico” e “aumento no número de pesquisadores e cientistas”. Porém, “vivemos um retrocesso, no qual o ciclo de crescimento foi freado e segue em constantes ameaças”. Entre esses retrocessos, elas citam a tutela bolsonarista em universidades e institutos federais, os cortes orçamentários, o colapso do Enem e o “apagão” da plataforma do CNPq .

A queda no investimento em ciência e tecnologia também é criticada pelas líderes estudantis. “Os recursos destinados às agências de fomento, como a Capes e o CNPq, e a possibilidade de não haver verbas suficientes para pagar bolsas até o fim do ano, demonstram o descaso com a pesquisa brasileira. Ficaram claros a política negacionista e o projeto obscurantista do governo Bolsonaro, que causam impactos em todos os âmbitos da educação.”

O texto acusa o MEC (Ministério da Educação) de ter se tornado “o epicentro do conservadorismo e do aparelhamento ideológico do governo”, com foco no “homeschooling” mesmo na pandemia. “O órgão foi omisso para promover acesso à internet e investir na adequação de escolas para promover segurança sanitária. Tanto que, nessas questões, os estudantes tomaram a frente”, afirmam.

“O PL 3.477, projeto de lei que garante internet e equipamentos para mais de 18 milhões de estudantes de baixa renda e 1,5 milhão de professores, foi uma articulação dos estudantes com o Congresso – e Bolsonaro tentou vetar. Como seu veto foi derrubado, o governo genocida ainda tenta agora inviabilizá-lo no Supremo Tribunal Federal”, acrescentam.

Ainda sobre a pandemia, há críticas no artigo à falta de “um plano seguro para estudantes e professores” na volta às aulas. “Fomos nós que lutamos pela vacinação dos docentes e para a inclusão de adolescentes de 12 a 17 anos no Plano Nacional de Imunização. Criamos, também, uma nota técnica junto com especialistas para promover uma retomada segura”, informam as três dirigentes.

As entidades chamam a atenção para a crescente evasão das universidades, que hoje está no patamar de 35,9%. “Já se conhecem os enormes prejuízos que a evasão causa para a juventude, além de impactar em falta de mão de obra qualificada em diversos setores. E alertamos que 2021 pode ter resultados ainda mais devastadores para o ensino superior.”

Tudo por causa da “redução de 30% em bolsas do ProUni” e do “corte que afetou os programas voltados para a permanência estudantil (o PNAES, Plano Nacional de Assistência Estudantil)”. Como resultado do desmonte, “milhares de estudantes ficarão impossibilitados de dar continuidade aos estudos sem auxílio-moradia ou alimentação, ainda mais com o crescente desemprego e a perda de renda das famílias”.

Elas lembram que as três entidades são presididas hoje por mulheres, “sendo duas delas negras e uma mãe de dois filhos pequenos”. E concluem: “Somos um retrato de um Brasil que pensa na educação democratizada e como pilar para o desenvolvimento do país. Alertamos com muita veemência que não podemos deixar uma geração de jovens sem perspectivas”.

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