Casos de covid-19 nos EUA atingem maior número em seis meses

Na última quarta-feira, casos passaram de 100 mil. Nos estados mais críticos, a vacinação também está mais lenta.

Euforia com avanço da vacinação e flexibilização exagerada do distanciamento social vai dando lugar a decepção e desespero. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, se junta aos membros do City Cleanup Corps e ao elenco do STOMP para uma apresentação ao vivo na Times Square. Terça-feira, 3 de agosto de 2021. Crédito: Ed Reed / Mayoral Photography Office.

Os Estados Unidos atingiram o número mais alto de novos casos de covid-19 em seis meses ao passar de 100 mil infecções relatadas na quarta-feira, de acordo com uma contagem da Reuters, enquanto a variante Delta se alastra por áreas onde as pessoas não foram vacinadas.

O país relata 94.819 casos na média de sete dias, um aumento de cinco vezes em menos de um mês. A média de 7 dias fornece o quadro mais preciso do quão rápido os casos estão aumentando, já que alguns estados só relatam infecções uma vez por semana ou só nos dias úteis.

Sete estados com as taxas de vacinação contra covid-19 mais baixas — Flórida, Texas, Missouri, Arkansas, Louisiana, Alabama e Mississippi — responderam por cerca de metade dos casos novos e hospitalizações do país na última semana, disse o coordenador da Casa Branca contra a covid-19, Jeff Zients.

Nas próximas semanas, os casos podem chegar a 200 mil por dia devido à variante Delta altamente contagiosa, disse Anthony Fauci, principal especialista em doenças infecciosas dos EUA.

“Se aparecer outra [variante] que tenha uma capacidade igualmente alta de se transmitir, mas que também seja muito mais grave, realmente podemos estar encrencados”, disse Fauci em entrevista. “As pessoas que não estão sendo vacinadas pensam equivocadamente que só se trata delas. Mas não se trata. Trata-se de todos os outros, também.”

Para combater a disparada causada pela Delta, os EUA planejam dar vacinas de reforço contra a covid-19 aos norte-americanos com sistemas imunológicos comprometidos, disse Fauci.

Ao fazê-lo, os EUA se somam a Alemanha e França, desconsiderando um apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) para não administrem vacinas de reforço até que mais pessoas de todo o mundo sejam vacinadas.

Retrato da Louisiana

A variante Delta desencadeou uma onda de diagnósticos nos Estados Unidos, mas a Louisiana emergiu como um local problemático, com a maior taxa per capita de casos do país e um sistema de saúde sitiado se esforçando para acompanhar. O estado sulista de maioria negra tem uma média de mais de 4.300 novos casos por dia, de acordo com dados do New York Times

“É um lugar miserável para se estar, eu sei disso”, disse o governador John Bel Edwards, descrevendo o turbilhão de frustração e vergonha expressa por funcionários do governo, epidemiologistas e profissionais de saúde da linha de frente, enquanto seu estado sofre as consequências catastróficas de uma falha em vacinar mais pessoas. Fala-se em todo o país da desigualdade racial no acesso às vacinas.

O novo impulso para a vacinação foi deflagrado por uma explosão nos casos de coronavírus. Mas leva tempo para que as vacinas fortaleçam o sistema imunológico, e o estado da Louisiana – que agora lidera o país em novos casos – ainda pode estar a semanas de alívio.

Os hospitais estão lotados com mais pacientes com covid-19 do que nunca. Mesmo os hospitais infantis têm unidades de terapia intensiva lotadas. E a variante Delta alarmou os médicos, que descreveram ver pacientes na faixa dos 20 e 30 anos declinando e morrendo rapidamente.

O estado teve uma introdução horrível ao coronavírus, quando as festividades do carnaval de Mardi Gras em 2020 se revelaram uma incubadora ideal para a propagação da Covid-19, mergulhando Nova Orleans em uma primeira onda de morte e desespero .

37% da população está agora totalmente vacinada, subindo cerca de três pontos percentuais em relação a junho, mas ainda está atrás da taxa nacional, com apenas metade do país totalmente vacinada. As taxas nacionais de vacinação, no entanto, estão bem abaixo do pico de meados de abril de 3,3 milhões de doses administradas diariamente, em média.

Muitos estados, principalmente no Sul e no Centro-Oeste, ainda estão longe de atingir a meta proposta de 70%. A Geórgia sequer envia relatórios para o órgão do governo. Infecções e hospitalizações têm aumentado em muitos lugares com baixas taxas de vacinação, descobriu uma análise do Washington Post.

Líderes da saúde pública e do governo disseram que a igualdade racial e étnica seria crítica na distribuição de vacinas, mas a coleta de dados sobre a raça dos receptores tem sido pobre. Os estados menos vacinados, ao sul, são aqueles com maioria negra.

As populações nativas do Alasca e indígenas americanas têm uma taxa mais alta de vacinação, o que os líderes tribais atribuíram à sua soberania e ênfase em priorizar os idosos e suas comunidades.

Com informações das agências internacionais.

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