Centrão dá ultimato a Bolsonaro após fiasco da “live do voto impresso”
Em outra frente, presidente da Câmara disse não ver chances de a PEC do voto impresso avançar
Publicado 31/07/2021 11:45
O Centrão avisou a Jair Bolsonaro que não embarcará nas farsas golpistas, sobretudo após o fiasco da “live do voto impresso”. Líderes e dirigentes do grupo, bem como aliados do governo, deram um ultimato ao presidente: que ele modere o tom com relação à existência de fraude nas urnas eletrônicas.
Na live de quinta-feira (29), Bolsonaro prometeu provar que as urnas eletrônicas podem ser fraudadas, mas ele próprio admitiu que não havia prova nenhuma de irregularidades. “Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas”, declarou o presidente, constrangido.
Ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do STF (Supremo Tribunal Federal) consideraram a live patética. Para o Centrão, foi a gota d’água – e Bolsonaro precisa parar de flertar com ameaças golpistas, sob pena de perder mais em popularidade por causa da pecha de radical.
Nesta semana, o presidente se comprometeu com congressistas e ministros, inclusive Ciro Nogueira, recém-nomeado chefe para comandar a Casa Civil, a melhorar o discurso. A aposta é numa grande virada: que Ciro conseguirá convencer Bolsonaro a virar a chave e falar para a população de que é seguro votar, deixando de lado a tese das fraudes nas urnas.
Sob pressão, Bolsonaro deverá participar da reunião entre os três Poderes que está sendo articulada pelo presidente do Supremo, ministro Luiz Fux. Na segunda-feira (2), Fux deve telefonar a Bolsonaro e aos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), respectivamente, para marcar a data do encontro.
Em outra frente, o presidente da Câmara disse nesta sexta-feira (30) não ver chances de a PEC (proposta de emenda à Constituição) do voto impresso ser aprovada na comissão especial da Casa. Na avaliação de Lira, o texto não terá apoio suficiente para chegar ao plenário.
“A questão do voto impresso está tramitando na comissão especial”, afirmou. “O resultado da comissão impactará se esse assunto vem ao plenário ou não. Na minha visão, tudo indica que não”, afirmou.
Com informações da Folha de S.Paulo