A pedido de bolsonarista, juiz proíbe exposição sobre democracia
Vereador e juiz não gostaram da mostra fotográfica histórica em Juiz de Fora sobre mais de meio século da democracia no Brasil
Publicado 23/07/2021 14:19
O juiz Marcelo Alexandre do Valle Thomaz, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, deciciu deferir liminar imposta pelo vereador bolsonarista Sargento Mello Casal, do PTB, para que fotografias da exposição “Democracia em disputa” fossem retiradas da fachada do Centro Cultural Bernado Mascarenhas (CCBM), no centro de Juiz de Fora (MG).
A mostra é promovida pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Democracia e Democratização da Comunicação (INCT/IDDC), e integra a programação cultural da 73ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na Universidade Federal de Juiz de Fora e com apoio da prefeitura da cidade. Ela apresenta mais meio século da democracia no Brasil a partir fotografias históricas.
Entre as imagens censuradas, há uma de protestos em Brasília contra a PEC do Teto de Gastos, feita por Maxwell Vilela em 2016, e outra mais recente da cobertura das últimas manifestações pedindo o impeachment de Jair Bolsonaro, feita por Isis Medeiros. Porém, a fotografia que causou mais indignação foi feita pelo repórter fotográfico da Folha de São Paulo, Alan Marques. Ela registra a passagem da faixa presidencial de Fernando Henrique Cardoso para Lula, durante sua posse em Janeiro de 2003.
O abraço mostra um episódio único: dois adversários políticos, dois presidentes eleitos pelo voto popular respeitando o rito democrático e promovendo a transição pacífica do poder. Isso foi acusado pelo juiz de ser “engenhos de publicidade” e de “propaganda comunista financiada por uma prefeitura do PT”, e também por bolsonaristas nas redes sociais.
“Os painéis veiculam imagens fotográficas documentais de momentos históricos da construção democrática brasileira e foram selecionadas por alguns dos principais historiadores do país com base em critérios técnicos e históricos” explica o Instituto da Democracia por meio de nota: “As contestadas imagens registram, portanto, passagens fundamentais da construção democrática brasileira. Nada mais distante de peças publicitárias”. A prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), adiantou que recorrerá da decisão.