Laboratório indiano vai produzir cinco vacinas contra covid, todo ano
Maior fabricante mundial, o Serum Institute of India produzirá sua própria vacina, a AstraZeneca, a Covovax, a Codagenix e a Sputnik V nas instalações da empresa, com meta de atingir toda a população adulta do país até dezembro.
Publicado 13/07/2021 21:31
O Serum Institute of India (SII) incluiu mais uma vacina a seu catálogo para fornecimento para o resto do mundo. O laboratório russo Gamaleia está fazendo a transferência tecnológica, enviando ao SII as amostras de células e vetores da Sputnik V, que foram aprovadas pelo Controlador Geral de Medicamentos da Índia (DCGI).
O SII também é o principal fornecedor da vacina da AstraZeneca/Oxford para o Brasil. Também fornece os insumos para a fabricação desta vacina britânica na Fiocruz, no Rio de Janeiro.
O SII é o maior fabricante mundial de vacinas contra o coronavírus, com mais de 500 milhões de doses já produzidas só este ano. Está entre as empresas líderes no mundo na luta contra o coronavírus por meio de uma série de parcerias estratégicas. Com sua base gigantesca, o laboratório está se preparando para ser um dos maiores fornecedores do mundo de vacinas contra a covid-19, anualmente.
Antes da pandemia, as fábricas da empresa na Índia produziam anualmente 1,5 bilhão de doses de vacinas – 50% a mais do que o próximo maior produtor – para proteção contra 13 doenças diferentes. Até agora 65% das crianças no mundo recebem pelo menos um produto feito pela empresa. “É fenomenal”, diz Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos. “Eles têm a capacidade de fazer vacinas suficientes para seis planetas.”
Além de desenvolver sua própria vacina, o SII está produzindo atualmente a Covishield (desenvolvida pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford), Covovax (desenvolvida pela Novavax), e também está conduzindo pesquisas sobre a Codagenix no Reino Unido. A partir de setembro, começa a produzir a Sputnik V, com expectativa de garantir mais de 300 milhões de doses, anualmente, só da vacina russa.
Apesar da gestão polêmica da pandemia, o presidente Narendra Modi colocou em outdoors sua vacinação com a Covaxin, fornecida pelo SII.
Took my first dose of the COVID-19 vaccine at AIIMS.
Remarkable how our doctors and scientists have worked in quick time to strengthen the global fight against COVID-19.
I appeal to all those who are eligible to take the vaccine. Together, let us make India COVID-19 free! pic.twitter.com/5z5cvAoMrv
— Narendra Modi (@narendramodi) March 1, 2021
A ameaça ao fornecimento mundial
Com quase um bilhão e 400 milhões de habitantes, a Índia vem sofrendo um forte impacto da pandemia, apresentando alguns dos piores números de contágios e mortes do mundo. Em algumas regiões, há colapso funerário e hospitalar.
O pouco confiável sistema de registro de estatísticas do país já chegou a apresentar cerca de 5 mil mortes e 400 mil contágios diários, reduzindo a cerca de 700 óbitos e 40 mil doentes, atualmente. Com mais de 30 milhões de contágios, a Índia ultrapassou o Brasil e se mantém abaixo do Brasil em número de mortes. Ambos disputam o segundo lugar em catastrofismo sanitário após os dados absurdos dos EUA.
A dimensão do mercado indiano torna o SII estratégico para produção de vacinas, sendo disputado por laboratórios de todo o mundo. No momento, a Índia está tentando aumentar seus esforços de vacinação com meta de inocular toda a população adulta até dezembro. O Dr. NK Arora, que chefia o Grupo Nacional de Peritos em Administração de Vacinas, expressou confiança de que o governo será capaz de cumprir sua meta.
Mas a escassez de vacinas persiste. Delhi e Maharashtra teve que fechar vários centros de vacinas, já que o suprimento de Covishield está acabando, disse o vice-ministro-chefe Manish Sisodia ontem. A produção de Covishield pelo SII aumentou para cerca de 110 milhões de doses este mês e é fornecida sem custos para os estados indianos.
Sob pressão do governo, a empresa reduziu as exportações de Covishield em março e as interrompeu totalmente em meados de abril. “Não gosto de usar a palavra ‘forçado’”, diz Poonawalla. “Afinal, somos uma empresa indiana que fornece vacinas em todo o mundo. Agora, nossa nação precisa de nós.”
A suspensão das exportações do Serum impediu que 90 milhões de doses encomendadas chegassem aos países de baixa renda em março e abril. A COVAX, iniciativa da OMS para garantir a vacinação para os países mais pobres, ficou muito aquém de sua meta de 247 milhões de doses de vacinas entregues num mês.
“A Serum é um fabricante confiável com mais de 20 anos e eles cumpriram todos os seus objetivos. Eles não tiveram problemas de controle de qualidade. Mas aqui estamos, e eles não estão mantendo nenhum de seus contratos”, diz o epidemiologista Seth Berkley, CEO da Gavi, a aliança vacinal. Já o laboratório indiano reclama que a pressão da Covax recai toda sobre si e apela para que outros laboratórios aumentem o fornecimento de vacinas para o consórcio.
Sputnik V
A Índia passa a ser o principal centro de fabricação da vacina Sputnik. Anteriormente, o Fundo Russo de Investimento, responsável pela produção da vacina, celebrou acordos com vários fabricantes de produtos farmacêuticos na Índia (Gland Pharma, Hetero Biopharma, Panacea Biotec, Stelis Biopharma, Virchow Biotech e Morepen) para a produção da vacina.
Até o momento, a vacina “Sputnik V” foi registrada em 67 países com uma população total de mais de 3,5 bilhões de pessoas. Dados regulatórios de vários países, incluindo Argentina, Sérvia, Bahrein, Hungria, México, San Marino, Emirados Árabes Unidos e outros países, obtidos durante a vacinação da população, demonstram que a “Sputnik V” é uma das vacinas mais seguras e eficazes contra o coronavírus.
Kirill Dmitriev, CEO do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), afirmou que esta parceria estratégica é um passo importante e fundamental no aumento das capacidades de manufatura, e “exemplifica a união de forças e experiência para salvar vidas na Índia e em todo o mundo”.
O СEO do SII, Adar Poonawalla, comentou que é imperativo que a vacina ‘Sputnik’, com suas altas taxas de segurança e eficácia, esteja disponível para pessoas na Índia e em todo o mundo. “Dadas as incertezas que cercam o vírus, é importante que as instituições internacionais e os governos trabalhem juntos para combater ainda mais a pandemia.”
O Fundo Russo informa que a eficácia da vacina é de 97,6% com base na análise de dados de incidência de coronavírus entre russos vacinados com os dois componentes da droga no período de 5 de dezembro de 2020 a 31 de março de 2021. A “Sputnik V” não causa alergias graves.