Manuela d’Ávila agradece a solidariedade que recebeu do movimento popular

Vítima de ameaças de violência contra ela e sua filha, Manuela participou de uma plenária com 800 lideranças populares que lhe prestaram solidariedade

Foto: Reprodução

A ex-deputada e jornalista Manuela d’Ávila (PCdoB) participou, na noite desta quinta-feira (10), da 4ª Plenária Nacional de Organização das Lutas Populares da Campanha Fora Bolsonaro. Cerca de 800 representantes de movimentos sociais e entidades sociais de todo o país participaram da plenária virtual e manifestaram solidariedade a Manuela, que há alguns dias denunciou ameaças sofridas por ela e sua filha.

O objetivo do encontro foi estabelecer os próximos passos da mobilização de sábado, 19 de junho, Dia Nacional de Mobilização, convocado como #19J. Um momento especial foi aprovação de uma moção de desagravo e solidariedade à parlamentar comunista e sua família.

Em sua participação, Manuela d’Ávila agradeceu a solidariedade que tem recebido de organizações sociais, instituições e personalidades políticas. “Primeiro eu quero agradecer, muito emocionada inclusive, a forma que as organizações agiram prontamente na minha defesa, mas sobretudo na defesa do direito de uma mulher de esquerda fazer política, sem que seja permanentemente vítima de todo tipo de ameaça, inclusive ameaça, talvez mais cruel de todas, qual seja a violência contra os seus. Mas companheiros e companheiras, agradeço”, disse.

A ex-deputada relatou ainda a dificuldade que se tem para denunciar as ameaças sofridas hoje no Brasil e como foi difícil a decisão de tornar público os ataques que tem sofrido. “Quando sofremos uma violência e a relatamos, somos vítimas mais uma vez, de uma nova onda de violência, pela extrema-direita, pelos grupos organizados, por todos aqueles que tentam minimizar, mas têm a violência política como método, como modo de operação no governo Bolsonaro”, afirmou Manuela.

Manuela, que já foi vereadora, deputada estadual e federal, líder do PCdoB na Câmara dos Deputados e candidata a vice-presidente nas eleições de 2018, comentou que recebeu com muito agrado as mensagens de “força”, porém, mais do que força, disse ela, “eu quero poder viver em paz. Eu acumulei muita força nessa vida, por tudo que já vivi, mas quero, sobretudo, poder viver em paz, sem ter medo do que pode acontecer comigo e com as pessoas que amo”.

Manuela ressalta que o comportamento de Jair Bolsonaro fazem dele o principal responsável pela crescente intolerância no país. Para ela, o presidente utiliza a violência como um instrumento de sua ação política quando propaga o extermínio de comunistas ou quando pratica e minimiza a violência contra as mulheres. “Esse tipo de ameaça que nós recebemos de forma recorrente é um estímulo da parte do presidente e dos seus e que fazem com que vivemos momentos assustadoramente violentos”, enfatizou.

Para Manuela, o ponto central da luta deve incluir o enfrentamento a essa violência. “Vacina no braço, comida no prato e contra a violência”, disse. Defendeu ainda o combate à intolerância. “Não existe desenvolvimento sem enfrentamento ao racismo, enfrentamento à misoginia e sem enfrentamento a todos os tipos de preconceitos. Isso é sobre a possibilidade de vivermos num país justo e menos desigual”, disse a ex-parlamentar.

Luta pela transformação social

Manuela contou que ao participar dos massivos atos organizados pelos movimentos sociais dia 29 de maio, pensou que aquele momento se colocava em outro etapa da luta política. “Creio que todos nós percebemos que estávamos em um outro momento”, disse.

“Não temos medo da luta, mas temos consciência da gravidade da pandemia, mas quando nós superamos o medo e conseguimos colocar milhares de pessoas nas ruas contra esse governo, sentimos que estamos em outro patamar”, ponderou Manuela.

Segundo ela, as próximas manifestações convocadas para o sábado (#19J), têm um sentido estratégico de acumulação de força. “Para assumirmos publicamente, que apesar disso, da pandemia, o que nos mobiliza é ser contra um presidente que é mais letal. O único caminho que nos resta é a luta. A luta é para transformar o país”, ressaltou. “A única alternativa para construir um país justo é lutar”, completou Manuela.

Homenagem

Representado a União Brasileira de Mulheres (UBM), a estudante Nathalia Trindade fez um discurso de homenagem a Manuela. Segundo Nathalia, Manuela é uma referência para meninas e mulheres que vêm na política um espaço de oportunidade de mudanças, não só individual, mas coletiva. “A Manu é a prova que mulher pode. Ela é amor, e tudo que defende numa sociedade verdadeiramente justa”, expressou Nathalia.

Apoios

A moção de solidariedade à Manuela da 4ª Plenária Nacional de Organização das Lutas Populares contem a exigência da apuração das ameaças. “É inadmissível que nós mulheres soframos mais esse tipo de violência. Precisamos nos unir e exigir a responsabilização dos criminosos”, considerou Nathalia.

Confira a moção:

Moção de solidariedade a Manuela d’Ávila

As entidades/movimentos presentes na 4ª Plenária Nacional de Organização das Lutas Populares se solidarizam com Manuela d’Ávila e sua filha Laura contra os ataques e ameaças de que tem sido vítimas através das redes de ódio que atuam sob o estímulo e patrocínio da extrema direita e o bolsonarismo. A mesma ofensiva tem sido feita contra outras lideranças do campo popular e progressista, jornalistas e blogueiros, artistas e intelectuais.

Exigimos apuração do crime, identificação e responsabilização dos criminosos.

#ForçaManu!

Responsabilização dos criminosos!

Autor