Servidor do TCU ajudou Bolsonaro a mentir sobre mortes na pandemia
Segundo apurou o Blog do Vicente, do Correio Braziliense, o Tribunal de Contas da União (TCU) já sabe que um “estudo paralelo”, que distorce os dados colhidos pelo órgão, foi elaborado pelo auditor Alexandre Figeuiredo Costa Silva Marques
Publicado 09/06/2021 11:22 | Editado 09/06/2021 11:23
O servidor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figeuiredo Costa Silva Marques está por trás da mentira contada, na segunda-feira (7), por Jair Bolsonaro, a respeito das mortes por Covid-19 no Brasil. Segundo apurou o Blog do Vicente, do Correio Braziliense, o Tribunal de Contas da União (TCU) já sabe que um “estudo paralelo”, que distorce os dados colhidos pelo órgão, foi elaborado pelo auditor. Ele espalha constantemente fake news pelas redes sociais e é próximo dos filhos do atual presidente.
De acordo com a reportagem, o estudo paralelo “circulou pelo gabinete das sombras e aponta que as mortes pela covid-19 ‘são 50% menores do que o anunciado’ pelos estados”, justamente o que disse Bolsonaro. O atual presidente, no entanto, afirmou que se tratava de um relatório oficial do TCU. Acabou desmascarado, horas depois, pelo órgão.
Nesta terça-feira (8), Bolsonaro acabou obrigado a admitir que havia mentido, mas fez do jeito que lhe é usual: espalhando ainda mais confusão, para manter seus apoiadores mal informados e, assim, do seu lado. “O TCU está certo, eu errei quando falei tabela, o certo é acórdão”, disse. Ele citou, então, um alerta feito pelo TCU para que se tomasse cuidado com a notificação exagerada de casos, algo bem diferente de se constatar que isso de fato ocorreu. E, por fim, acrescentou: “A tabela quem fez fui eu, não foi o TCU”.
Em outras palavras, para admitir que havia mentido na segunda-feira, Bolsonaro mentiu outras duas vezes. Primeiro, ao dar a entender que é possível concluir, com base nos documentos oficiais do TCU, que houve menos mortes na pandemia que o registrado. Depois, ao dizer que a confecção da tal tabela coube a ele mesmo. Não coube. Foi obra, na verdade, de um de seus apoiadores que trabalha no órgão e que, também segundo o Correio, tem fortes ligações com filhos de Jair Bolsonaro e com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Motezano.
Alinhamento que produz crimes
O tribunal já abriu uma investigação para apurar o que levou o auditor a propagar informações falsas, informa o Correio Braziliense. “Suspeita-se de alinhamento político com o governo. Esse auditor compartilha fake news em várias redes sociais, como já se apurou”, diz a reportagem. Além disso, ele deve ser convocado a se esclarecer na CPI da Covid.
Não é a primeira vez que bolsonaristas que integram a máquina pública abusam de suas posições para produzir fake news que favoreçam Bolsonaro e sua turma. Em abril passado, o delegado da Polícia Federal Felipe de Alcântara de Barros Leal foi afastado após produzir um laudo paralelo que buscava desacreditar a autenticidade das mensagens de celular apreendidas na Operação Spoofing — aquelas que mostraram o conluio entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato para incriminar o presidente Lula.
O novo episódio, agora dentro do TCU, causou perplexidade nos ministros da Corte. “A perplexidade é grande, pois, além de os dados apresentados por esse auditor serem manipulados e falsos, reforça o perigo da mistura entre funcionários de órgãos fiscalizadores com questões políticas. A posição fechada pelo TCU, depois de encerradas as investigações, é punir com rigor o auditor, pois é preciso dar exemplo”, informa o Correio Braziliense.
Fonte: PT Notícias