Inflação em maio é a maior em 25 anos e alta em 12 meses chega a 8%

Energia elétrica, gás de botijão, gasolina e alimentação estão entre os itens que contribuíram para a alta recorde.

Conta de luz subiu 14,2% em 12 meses e deve aumentar mais- Foto - Marcos Santos/USP Imagens

Pressionada pela alta da energia elétrica, a inflação de maio medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 0,83%, a maior taxa para o mês desde 1996, quando atingiu 1,22%. O resultado também ficou acima da taxa de 0,31% registrada em abril. Com isso, o índice acumula alta de 3,22% no ano e de 8,06% nos últimos 12 meses. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o gerente da pesquisa, Pedro Kislanav, a energia elétrica teve alta de 5,37%, influenciada por dois fatores. “O primeiro deles foi que em maio passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que trouxe uma diferença grande em relação à bandeira amarela, que estava em vigor de janeiro a abril. O outro fator é a série de reajustes que houve no final de abril em várias concessionárias de energia elétrica espalhadas pelo país”, afirmou.

A bandeira tarifária vermelha patamar 1 acrescenta R$4,169 na conta de energia a cada 100 quilowatts-hora consumidos.

Ainda no grupo habitação, que teve o maior impacto no índice geral (0,28 ponto percentual) e variação positiva de 1,78% em maio, houve impacto dos aumentos na taxa de água e esgoto (1,61%), do gás de botijão (1,24%) e do gás encanado (4,58%). Além da habitação, os outros oito grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram inflação em maio.

O segundo maior impacto no IPCA veio do grupo transportes (0,24 ponto percentual), que teve aumento de 1,15% em maio. A maior influência veio da alta de 2,87% da gasolina, cujos preços haviam recuado 0,44% em abril.

“Houve esse recuo em abril porque no fim de março houve duas reduções no preço da gasolina nas refinarias, mas, depois, houve outros reajustes, que acabam chegando ao consumidor final”, afirmou Pedro Kislanov. Outros produtos do grupo também tiveram alta de preços, caso do gás veicular (23,75%), etanol (12,92%)  óleo diesel (4,61%).

No grupo saúde e cuidados pessoais, que teve aumento de 0,76% em maio, a maior contribuição veio dos produtos farmacêuticos (1,47%), cujos preços desaceleraram frente a abril (2,69%). A partir de 1º de abril, houve autorização do reajuste de até 10,08% dos preços de medicamentos, a depender da classe terapêutica e do perfil de concorrência da substância.

O grupo de alimentação e bebidas, que já havia tido alta de 0,40% em abril, registrou inflação de 0,44% em maio. Os preços na alimentação no domicílio desaceleraram (0,23%) frente a abril, quando haviam tido alta de 0,47%. Essa desaceleração foi causada, especialmente, pela queda nos preços das frutas (-8,39%), da cebola (-7,22%) e do arroz (-1,14%). Já as carnes (2,24%) continuam a subir e acumulam aumento de 38% nos últimos 12 meses.

A alimentação fora do domicílio teve alta de 0,98% em maio e, no mês anterior, havia subido 0,23%. As altas do lanche (2,10%) e da refeição (0,63%) contribuíram para o aumento. Em abril, os dois itens haviam tido queda em seus preços.

“Um dos motivos que podem explicar esse comportamento na alimentação fora de casa é o aumento de custos, devido à alta nos preços das proteínas. Normalmente quando se faz uma refeição fora de casa, há mais o consumo de componentes como o pão, a carne e o arroz, por exemplo, do que das frutas. Outro aspecto é o possível aumento de demanda. Abril foi um mês em que houve intensificação das medidas restritivas. Já maio, por ter tido uma abertura maior, pode ter influenciado o aumento da demanda”, comentou Kislanov.

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