Ataque a base do ICMBio em Roraima expõe avanço do garimpo no estado
A Hutukara Associação Yanomami salientou em nota que a Estação Ecológica de Maracá, onde aconteceu o atentado, é vizinha à Terra Indígena Yanomami e vem sendo usada como rota de abastecimento de garimpeiros ilegais
Publicado 02/06/2021 16:14
A Hutukara Associação Yanomami (HAY) lançou nota em solidariedade aos brigadistas e servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que sofreram um ataque armado de garimpeiros na Estação Ecológica de Maracá, em Roraima.
O ataque aconteceu na segunda-feira (31), quando garimpeiros encapuzados invadiram a sede do ICMBio na Estação Ecológica e fizeram reféns três brigadistas. Os garimpeiros roubaram ainda cinco quadricíclos e oito motores de popa, patrimônios do instituto, e também materiais apreendidos durante uma operação de fiscalização realizada na região há duas semanas, dentro da unidade de conservação.
Em nota, a Hutukara explicou que a Estação Ecológica de Maracá é atravessada pelo rio Uraricoera e é vizinha da Terra Indígena Yanomami, que se tornou rotas de entradas para garimpos ilegais, inclusive na região de Palimiú, que sofreu sucessivos ataques de garimpeiros armados ao longo do mês de maio.
“Nos últimos anos, a Estação Ecológica vem sendo impactada pela circulação de embarcações de garimpeiros que utilizam o trecho do rio que se sobrepõe à Unidade como rota de abastecimento das áreas de exploração ilegal de ouro na Terra Indígena Yanomami, localizadas pouco acima da região do Palimiu, onde recentemente foi noticiado um conflito entre indígenas e garimpeiros”, diz trecho do documento.
A Hutukara ainda ressaltou que o assalto armado a um órgão público, responsável pela proteção do meio ambiente, é mais um episódio que expressa a gravidade da invasão garimpeira no rio Uraricoera, e em toda a Terra Indígena Yanomami. “A ocorrência se soma à série de episódios de violência promovidos pela atividade garimpeira ilegal na Terra indígena e que vêm sendo incansavelmente denunciados pelas comunidades indígenas às autoridades brasileiras”.
Fonte: Instituto Socioambiental