Os protestos na Colômbia: um povo cansado da violência
Com a grande história de violência no país, os colombianos têm como uma de seus principais sonhos a paz
Publicado 24/05/2021 20:25 | Editado 24/05/2021 20:27
O governo de Juan Manuel Santos, mesmo finalizado há algum tempo, trouxe distintas mudanças à sociedade e ao governo colombiano, mudanças que convém recordarmos, com os recentes protestos que vimos ocorrer em distintas cidades – tanto grandes quanto pequenas. O novo presidente, Iván Duque da mesma linha que Santos, voltada a um movimento com base nas ideologias do ex-presidente Álvaro Uribe, cujo nome é “uribismo”, destratou as mudanças sociais do anterior governo, voltando à lógica “uribista” propriamente dita, que se constitui na guerra contra os grupos armados e narcotraficantes, pela violência e pelo apoio dos Estados Unidos.
Com o acordo de paz firmado em Havana, Cuba, durante o governo Manual Santos, em 2019, o povo colombiano se sentiu aliviado, por mais que o plebiscito tenha tido um resultado apertado – isso, talvez, porque boa parte dos colombianos ainda devem pensar na lógica “uribista”. Uma das principais promessas acordo – converter os grupos armados em partidos políticos – foi fortemente criticado, até mesmo pelo próprio ex-presidente.
Recentemente, o povo colombiano se colocou à frente no “Paro Nacional” (como está sendo chamado), para reivindicar a permanência do tratado firmado. Com a chegada de Iván Duque ao poder, as pautas do acordo prometidas para serem cumpridas como obrigações do Estado colombiano foram ignoradas, o que resultou, desde a segunda metade de 2020, no assassinato de diversos guerrilheiros e lideres sociais.
Com o agravamento da pandemia que assola o mundo, os problemas que o novo governo colombiano já estava passando se agravaram, sobretudo com o não cumprimento dos termos do acordo de paz. O descontentamento do povo com o governo de Duque explodiu com os protestos recentes, que não tem previsão para terminar.
Além desses acontecimentos, houve a retirada de um projeto de reforma tributária, tida por alguns como “progressista”, mas que na verdade era mais uma empreitada neoliberal para aumentar tributos e a desigualdade social. Os protestos já resultaram no pedido de renúncia do ministro da Fazenda, Alberto Carrasquilla – o que está longe de ser a resposta do governo colombiano em resposta às exigências do povo. Com a grande história de violência no país, os colombianos têm como uma de seus principais sonhos a paz.
Duque deveria perceber que sua ideia sobre como resolver o narcotráfico e a violência do país, com mais violência, não é algo que o povo colombiano deseja. O pedido que veio com o agravo da crise sanitária e econômica escancarou os problemas do país, tornando-se muito além do que imaginávamos. Com o acordo de paz, a parte da violência já estaria resolvida há mais de um ano.
Para uma análise que abranja o todo do contexto dos protesto, deveríamos criar um extenso trabalho acadêmico. Mas, para que tenhamos o conhecimento conciso de um dos governos de centro-direita da América Latina, é importante aludir ao contexto aludimos neste artigo, para suprir minimamente o fato de um país, como a Colômbia, que não é muito corriqueiro vermos protestos como estes, esteja realizando-os de forma intermitente. Não à toa, o presidente acabou por cogitar até o apoio do exército do país.