Saiba qual a tendência da pandemia para próximas semanas
Embora taxa de óbitos tenha caído no país, aceleração de contágios preocupa por apresentar resultados nas semanas seguintes. Vacinação lenta, baixo isolamento social, variantes do vírus e chegada do inverno prenunciam agravamento do contágio.
Publicado 23/05/2021 14:25 | Editado 23/05/2021 15:06
O número de mortes tem apresentado queda diária, ainda que sutil. No entanto, o contágio tem aumentado gradualmente, o que aponta uma tendência que levaria a mais mortes nas próximas semanas. Com a vacinação focada em pessoas acima de 50 anos ou com comorbidades em muitos estados, o número de mortes pode manter desaceleração, considerando que a população mais vulnerável está imunizada. No entanto, isso também aponta para um número maior de mortes entre pessoas mais jovens.
A redução da segunda grande onda de contágios e mortes que subiu vertiginosamente no final de fevereiro, chegou a um pico no final de março com mais de 77 mil contágios por dia, e em meados de abril com mais de três mil mortes por dia, começou a reduzir chegando ao mínimo na última semana de abril, subindo novamente a partir de então. Importante observar que o mínimo alcançado no final de abril ainda era um patamar muito alto de mais de 58 mil contágios diários, em média, e mais de 1900 mortes diárias em meados de maio.
Com isso, especialistas acreditam que já podemos estar às vésperas da ressaca de uma terceira onda, ainda mais letal, com a chegada do inverno, o ritmo lento de vacinação e o afrouxamento da quarentena. Há ainda o agravamento das novas cepas que chegam ao país ou se desenvolvem por aqui. Em países da Europa, foram esses os motivos que levaram à nova onda na Alemanha, França, Itália, Polônia, República Tcheca e Hungria, onde a vacinação demorou a avançar, enquanto o Reino Unido evitou outra onda ao imunizar em massa.
A nova onda se observa leigamente pela curva epidemiológica que mostra um crescimento acelerado e depois cai gradualmente. Uma das formas de avaliar uma onda é observar a chamada taxa efetiva de reprodução, ou Rt. Quando esse índice é 1, cada infectado contamina outra pessoa. Se for maior, pode infectar mais de uma. Para que a transmissão seja contida, o Rt precisa ficar abaixo disso.
Esse índice esteve acima de 1 desde o início da segunda onda, em novembro, e permaneceu assim até início de fevereiro. Depois, voltou a subir e só ficou abaixo de 1 em 18 de abril. Em 4 de maio, voltou a ficar acima de 1. Na última quinta-feira (20), a média brasileira estava em 1,02.
A vacinação, por sua vez, teve seu maior índice em abril, quando foram vacinadas mais de 800 mil pessoas por dia, caindo depois por falta de insumos e fabricação de imunizantes. Estamos em maio com uma média de 680 mil doses aplicadas por dia. A velocidade da vacinação é fundamental para alcançar a imunização de rebanho. Caso a imunidade comece a cair entre vacinados, será necessário iniciar outra vacinação sem a população total estar imunizada.
Conforme atesta o Datafolha, a percepção das pessoas sobre a doença também mudou. A taxa dos que acreditam que a pandemia está fora de controle caiu de 79% em março para 53%. Outra pesquisa diz que apenas 30% dos brasileiros declaram isolamento total.
Mesmo nos locais com vacinação generalizada, o contágio continua com pessoas sendo internadas, embora com menos risco de agravamento. A vacina não impede o contágio em caso de descuido, mas pode impedir o desenvolvimento da doença, assim como seu agravamento e morte. Por isso, a necessidade do distanciamento social, do uso de máscara e higienização para reduzir a ocupação de leitos hospitalares.
Dados deste sábado, final da 20a. semana
O Brasil registrou 76.490 novos casos da covid-19 entre o fim da tarde desta sexta-feira (21) e até as 17h30 de hoje (22). A média móvel nos últimos 7 dias foi de 65.127 novos diagnósticos por dia. Isso representa uma variação de +6% em relação aos casos registrados em duas semanas, o que indica tendência de estabilidade também nos diagnósticos.
No mesmo período, foram confirmadas 1.899 mortes em consequência da doença. Com isso, a média móvel de mortes nos últimos 7 dias chegou a 1.920. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de -8% e indica tendência de estabilidade nos óbitos decorrentes do vírus.
Os números constam do boletim epidemiológico que o Ministério da Saúde divulgou há pouco, em Brasília. A média móvel e a taxa de vacinação são calculadas pelo consórcio da imprensa, pois estes dados que não são sistematizados pelo governo. Com esses resultados, o total de casos atestados desde 27 de março de 2020 já chega a 16.047.439. Os óbitos somam 448.208.
Os dados contabilizados pelo ministério são divulgados pelas secretarias estaduais de saúde diariamente. Do total de pessoas que adoeceram, 14.462.432 (ou cerca de 90%) já são consideradas recuperadas, enquanto 1.136.799 (7%) continuam sendo acompanhadas. Há, ainda, outros 3.674 casos suspeitos esperando resultados de exames laboratoriais.
Estados
Em termos absolutos, o ranking de estados com mais mortes pela covid-19 segue liderado por São Paulo, onde 107.497 pessoas já perderam a vida por conta das consequências da doença. Em seguida, aparecem Rio de Janeiro (49.438), Minas Gerais (38.878), Rio Grande do Sul (27.399) e Paraná (25.481).
Três estados aparecem com tendência de alta nas mortes: PE, AP, PI. Outros 19 pararam de cair e se estabilizaram com viés de crescimento. Apenas DF, TO, PA, PR e AC estão em queda, numa mudança também em relação a semanas anteriores em que quase todos os estados tinham desacelerado mortes.
Vacinação: 9,72%
O Brasil já tem 62.403.179 doses aplicadas das vacinas contra a Covid, somando a primeira e a segunda doses, de acordo com novo balanço do consórcio de veículos de imprensa.
A primeira dose já foi aplicada em 41.830.634 , o que corresponde a 19,75% da população do país.
Já a segunda dose já foi aplicada em 20.572.545 pessoas em todos os estados e no Distrito Federal, o que corresponde a 9,72% % da população.
De ontem para hoje, a primeira dose foi aplicada em 251.742 pessoas e a segunda dose em 135.908, com um total de 387.650 doses aplicadas neste intervalo.