A estratégia genocida de Bolsonaro

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Ilustração de Líbero para a coluna de Drauzio Varella na Folha

Um dos principais objetivos da CPI da Covid é procurar saber se o governo Bolsonaro adotou como estratégia para o combate à pandemia da SARs-cov 2, ou Covid-19, a chamada “imunidade de rebanho”.

Essa é uma questão de grande importância, visto que o número de mortes pode ultrapassar mais de meio milhão e que, devido à lentidão e à falta de vacinas, se instalar uma terceira onda e o Brasil vir a ser o país com o maior número de mortes no mundo.

É muito importante saber quem foram os responsáveis por milhares de mortes, de pessoas que ainda poderiam prestar relevantes serviços ao país, pela destruição de famílias inteiras, por milhares de jovens ainda na flor da idade. É de extrema importância saber quais foram os erros cometidos para que não se repitam e possam evitar novas e graves tragédias às futuras gerações.

Precisamos descobrir porque muitos países com populações bem superiores à do Brasil conseguiram ter baixos índices de contaminação e consequentemente impedir a morte de seus cidadãos, além de proteger suas economias. Sabemos que o governo federal é o responsável pelos destinos do país, tendo sido eleito para governar e garantir vida digna a todos os brasileiros, fundamentalmente a saúde para que todos possam trabalhar, estudar e ajudar no progresso da nação.

Fazendo uma retrospectiva das ações do governo Bolsonaro desde o início da pandemia, constatamos não apenas subestimação da sua gravidade mas também uma ação reiterada, que persiste até a presente data, mesmo diante de centenas de milhares de mortes e outras tantas pessoas debilitadas ou mutiladas.

Examinando apenas as mais evidentes e repetidas vezes defendidas e implementadas não só pelo Presidente da República, mas por todo conjunto do governo, não é difícil concluir que havia uma estratégia, concebida por seus ideólogos, assimilada e colocada em prática, na maioria das vezes de forma radical, contundente e até raivosa contra os que se opunham.

Desde as declarações de que a pandemia seria uma “gripezinha”, da não implementação dos testes de diagnósticos para identificar os contaminados e impedir a proliferação, milhares destes que perderam a validade nos depósitos do Ministério da Saúde, da não aceitação para participar do consórcio mundial da OMS para obtenção e não aquisição de imunizantes.

A defesa e as ações do presidente para o não uso de máscara, de aglomerações, contrárias ao lockdown, com críticas contundentes e até ações na justiça contra governadores e prefeitos que seguiam as recomendações da ciência.O desestimulo à vacinação pelo próprio presidente dizendo que não se vacinaria e que até agora não o fez.

As ações do ministro Pazuello, que não providenciou a compra de vacinas, que sabendo da falta de oxigênio em Manaus não tomou providência e as suas declarações diante de Bolsonaro de que “um manda e o outro obedece”, deixa claro que o general, que envergonha o Exército Brasileiro, também era cumplice da estratégia da imunidade de rebanho. E por último, só para citar as mais decepcionantes medidas, a constatação de que no orçamento para 2021 não foi destinado nenhum centavo para o combate à pandemia.

Apenas essas questões já são suficientes para constatar, embora não oficialmente estabelecida, mas frequentemente citadas por vários expoentes, que o governo Bolsonaro adotou desde o início a estratégia genocida de “imunidade” de rebanho.

Não é difícil concluir que na prática o governo Bolsonaro trabalhou de forma incessante e contundente para o alastramento da contaminação da Covid-19, porque acreditava e continua acreditando que se uma parcela expressiva da população se contaminar, estaríamos livres da pandemia, mesmo que uma parte viesse a falecer. Como o próprio Bolsonaro declarou, “e daí se morrerem os que tiveram que morrer”.

Essa estratégia irresponsável não foi adotada em nenhum outro lugar do planeta, a não ser por outro genocida por nome Trump, que obteve para os EUA o recorde mundial de mortes. Mas não é de se estranhar porque Bolsonaro tem antecedentes históricos de psicopatia grave, já que fora expulso do Exército por ter elaborado plano para explodir a estação Guandu de águas do Rio de Janeiro.

Portanto a CPI está no caminho certo, deve ir as últimas consequências e jamais terminar em pizza, porque quase 500 mil vidas perdidas prematuramente é sem dúvida um genocídio imperdoável e os responsáveis devem ser severamente punidos.

Neste grave momento há de se perguntar onde estão nossos heróis, será que morreram todos como disse Cazuza? É triste dizer Cazuza, mas os inimigos do povo e da nação continuam no poder e, pior, praticando tragédias que jamais se viu neste país.

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