Mayra Pinheiro, a Capitã Cloroquina, pede ao STF para ficar calada na CPI
Secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro fez como Pazuello e recorreu ao STF para poder ficar em silêncio. Além dos dois, CPI espera ouvir Ernesto Araújo esta semana
Publicado 17/05/2021 11:53 | Editado 17/05/2021 12:31
O governo dá cada vez mais sinais de que teme as investigações da CPI da Covid sobre os crimes cometidos por Jair Bolsonaro na pandemia. Depois de o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ficar calado durante depoimento à CPI da Covid, a secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro fez o mesmo no domingo (16) e pediu à Corte o direito de ficar em silêncio diante dos senadores.
Conhecida como Capitã Cloroquina, Mayra tem depoimento marcado na CPI para a próxima quinta-feira (20). Conforme admitiu ao Ministério Público Federal (MPF), a médica organizou uma viagem a Manaus na qual uma comitiva de médicos recomendou às equipes de saúde do Amazonas o uso da cloroquina como tratamento contra a Covid-19, apesar do fato de que inúmeros estudos já haviam demonstrado que a droga não tem efeito algum contra o novo coronavírus.
A viagem ocorreu apenas alguns dias antes da crise de oxigênio hospitalar no estado, que fez com que dezenas de pacientes com Covid-19 morressem asfixiados. Pazuello, que era ministro na época, também participou da viagem e, segundo documentos revelados mais tarde, sabia da escassez de oxigênio e nada fez para ajudar no abastecimento dos hospitais, apesar do pedido de ajuda feito pela empresa fornecedora. Por sua omissão, Pazuello é processado pelo MPF.
A CPI espera a presença de Pazuello na quarta-feira (19), mesmo depois de o general, que fugiu do primeiro depoimento, ter conseguido um habeas corpus que lhe dá direito a não responder perguntas sobre seus atos à frente do Ministério da Saúde. Ele, porém, é obrigado a falar a verdade sobre todos os fatos que não o incriminem.
Antes dos dois, a CPI espera colher o depoimento, na terça-feira (16), do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, que também tem muito a explicar aos senadores. Na gestão de Arújo, o governo Bolsonaro deu várias declarações hostis à China, país que fornece a maior parte dos insumos necessários à fabricação da vacina Cornovac e ao enfrentamento da Covid-19. O ex-ministro também se opôs à compra de vacinas pelo Brasil por meio do consórcio criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para ele, a Covax Facility “fortaleceria o globalismo”.
Fonte: PT Nacional