CPI da Covid, Primeiro de Maio e o fora genocida
Faz-se necessário um constante encadeamento de ações políticas em defesa da vida, do bem estar do povo, da democracia.
Publicado 30/04/2021 20:01
Já perdemos mais de 400 mil vidas. São histórias e saberes, amizades e amores, parentes, futuros e memórias perdidos, que não cabem em estatísticas ou CPFs. Seriam muito mais, se não houvessem reações. De trincheira em trincheira os brasileiros estão se defendendo, mesmo que lenta e esparsamente, em uma guerra assimétrica contra a estratégia genocida e a pandemia.
Indispensável dizer que a mobilização de um amplo leque de forças nesses quase 15 meses, em defesa da vida e da democracia, diante de inimigos de alto poder destrutivo, foi e é determinante para mitigar os impactos negativos das crises sanitária e econômica, e impedir que forças reacionárias estabelecessem de vez o arbítrio. Essa resistência crescente que interliga instituições pusilânimes, entes federados, movimentos político-sociais, a grande imprensa, com ações, pressões e solidariedade, encerra ensinamentos e indica saídas.
O importante é que todo esse cabedal político vai encontrando o desaguadouro e promete virar torrente a arrastar o lodo e as pedras do caminho. A CPI da Covid atinge em cheio a estratégia da necropolítica de Bolsonaro et trupe; desarranja a linha traçada que dissemina o caos para garantir o poder e concluir os objetivos e tarefas do golpe de 2016. Sua instalação, apesar de todos os esperneies governistas, foi um passo decisivo a abrir portas, se bem conduzida e apoiada, para o descarte desse entulho autoritário que contamina o país.
O Brancaleone das Milícias, com seu exército de famintos de poder e sinecuras, reage de forma primária aos primeiros tiros de advertência. Como homo ferus do Condomínio Vivendas da Barra, seguirá o instinto de atacar sempre para destruir, sem se furtar ao manejo de todo e qualquer recurso. Quem sabe o apelo ao descontrole social, através de vandalismos praticados por seus seguidores do submundo ou organizados em áreas de repressão, que justifique acionar dispositivos de segurança. Tudo é possível com um psicopata acuado no Planalto Central.
O “mito” da desgraça alheia está isolado e desmoralizado internacionalmente. Todas as práticas nefastas se voltam contra ele e provocam deserções e baixas no seu (des)governo. A cada dia fica mais nítido para seus eleitores a inépcia e as contradições gritantes entre seus interesses tacanhos e a promessa de “Nova Política”; entre a falácia de anti-sistema e a peça “gambiarra” necessária aos objetivos neoliberais. Assim, vaga um fantasma cada vez mais tênue, no Alvorada, com seu discurso de ódio e ameaça cada vez mais vazio.
Entretanto, o insepulto continua a contaminar tudo o que o cerca e a tramar, com sua corte de patéticos, contra o Brasil. De forma proposital e oportunista cancela o Censo 2021, fundamental para planejamentos e políticas públicas, e joga covardemente a culpa no Congresso; embora, em tempo, o STF o manteve a pedido do governador do Maranhão, Flávio Dino-PCdoB. Com bastante atraso sanciona o Orçamento 2021, que mantém o famigerado Teto de Gastos e privilegia o setor financeiro; ataca os direitos dos trabalhadores; o “malthusiano” Paulo Guedes critica o povo por querer viver mais de 100 anos. Sem falar dos estragos promovidos pela constelação de submissos, medrosos e incompetentes generais.
O impedimento de Bolsonaro passou a ser um gesto patriótico, de auto-estima nacional, de salvaguardar o povo brasileiro e a nação. O Brasil virou pária internacional e motivo de piadas; de relação altaneira, mesmo que dependente, está em situação de mendicância sob uma realidade claudicante com esse (des)governo. Qualquer crescimento econômico apoiado na produção, na infraestrutura, na ciência e na tecnologia, com geração de empregos e renda, exige um novo rumo, que recoloque o país de forma soberana no cenário do desenvolvimento, da cultura e da solidariedade entre os povos.
Sabemos que o contexto político-social está bastante complexo com o estado de calamidade pública, o esgotamento de estruturas; material e psíquico. As mobilidades restritas dos movimentos político-sociais dificultam as grandes manifestações públicas, a marca dos protestos e do desejo de mudanças. No entanto, a atmosfera carregada prenuncia trovões e relâmpagos, que necessitam de ventos fortes que desanuviem o horizonte.
O momento é agora, impulsionado por um conjunto de acontecimentos favoráveis e pela largada da CPI. Faz-se necessário um constante encadeamento de ações políticas em defesa da vida, do bem estar do povo, da democracia. A roda vai girar mais rápido se houver explícitas e abundantes manifestações de apoio em todo o país; inovando nas formas de uma imensa campanha em defesa do Brasil e pelo fim do governo Bolsonaro. Nosso povo é bastante criativo para demonstrar seu repúdio ao genocida sem colocar a vida em risco; e estará atento a qualquer reação fascista. Que cada governador centralize sua Polícia Militar.
Que o Primeiro de Maio seja um dia de grande convocação à classe trabalhadora a juntar sua força e energia, organização e desprendimento em uma jornada de lutas para livrar o país do genocídio, do desarranjo social, do árbitro. Suas entidades representativas, em unidade, farão a diferença com suas estratégias e formas de luta ajustadas às novas circunstâncias, com suas ações que mudam o rumo das coisas.
Fora Genocida!
Viva a Classe Trabalhadora!
Viva o povo brasileiro!