Mortes por Covid no País chegarão a 400 mil em abril, diz Carlos Lula
Presidente do Conass afirma que a crise política no País agrava ainda mais a crise sanitária e dificulta o enfrentamento à pandemia
Publicado 15/04/2021 09:41 | Editado 15/04/2021 11:57
O Brasil deve se tornar, em abril, o segundo país a alcançar a trágica marca de 400 mil vítimas da pandemia de Covid-19. “Se continuarmos com a média móvel acima de 2 mil mortos, é muito provável que cheguemos aos 400 mil óbitos (neste mês)”, diz Carlos Lula, secretário de Saúde do Maranhão e presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde).
Em entrevista ao Poder360, Lula afirma que a crise política no País agrava ainda mais a crise sanitária e dificulta o enfrentamento à pandemia. Para ele, o governo Jair Bolsonaro deveria preocupações mais urgentes do que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, instalada nesta semana no Senado: “O problema não é a CPI. É a instabilidade política que tomou este um ano de pandemia”. Mas pondera que uma CPI ampla, com muitos entes federativos em investigação, “não investiga nada”.
Sua preocupação maior é com a falta de uma coordenação nacional dos esforços de combate à Covid. O Brasil, segundo ele, é “um dos piores países no enfrentamento da pandemia – e isso precisa ser dito com clareza”. E a responsabilidade de Bolsonaro é igualmente inegável. “Não chegamos a esses números (de casos e mortes por Covid-19) sem método”, afirma. “Não houve só erros. Foram cálculos políticos, e esses cálculos políticos estão dando resultados”.
O secretário defendeu que o País precisar aumentar a velocidade da imunização e também adotar medidas conjuntas, com um único discurso. “Neste momento, o que mais precisamos é vacinar mais (pessoas) e mais rápido”, resume. “Se não adotarmos medidas uniformes no País, com método, é muito difícil que controlarmos a doença.”
Para Carlos Lula, o trabalho dos secretários estaduais de Saúde é prejudicado pelo desacerto na condução da pandemia, em especial pelos discursos negacionistas de Bolsonaro. “O discurso da maior autoridade da República tem muito eco na sociedade. E ele faz toda a diferença quando a gente vai atender as pessoas”. Ele diz haver, até hoje, “resistências em pessoas de tomar a vacina”.
Carlos Lula também criticou o discurso do presidente sobre a diferença entre a distribuição de doses a aplicação. O presidente do Conass explicou como é feita a logística da distribuição das vacinas. “Primeiro que quem vacina é o município, é o prefeito. Os estados distribuem a vacina. E os estados têm distribuído as vacinas em 24 horas”, explica. “Depois que chega a vacina aqui, em geral demoraria três semanas para entregar, porque há uma rotina de entrega de vacinas. Eu fazia isso com um caminhão, mas estou fazendo isso por via aérea.”
Ele também reconhece que o ritmo poderia ser mais ágil, mas avalia que as prefeituras estão trabalhando no limite possível. “A velocidade dos municípios não é ideal? Não, infelizmente não é a ideal. Mas é o máximo que se tem feito. Eu posso pegar no Norte, pessoas que descem dois, três dias de rio para vacinar dez pessoas. Isso acontece.”
O presidente do Conass diz que a culpa de os brasileiros não terem mais vacinas disponíveis é também de Bolsonaro. “A responsabilidade de não termos mais vacinas hoje é do presidente da República, que rejeitou lá atrás doses da Pfizer, do Butantan e outras vacinas lá no segundo semestre de 2020. Ele usa cortina de fumaça para se eximir de sua responsabilidade.”
Com informações do Poder360