Além de celulares, LG deve encerrar produção de computadores
Dos mil trabalhadores da fábrica de Taubaté, 700 devem ser demitidos, fora os 400 terceirizados. Empresa faz acusações a Governo de São Paulo que alega nunca ter discutido o assunto com a LG.
Publicado 06/04/2021 22:25
Após o fim da divisão de celulares da LG em todo o mundo e com isso o encerramento da produção no setor na fábrica em Taubaté (SP), o Sindicato dos Metalúrgicos anunciou que a empresa vai encerrar a produção de notebooks e monitores na cidade do interior paulista. A informação foi confirmada pela empresa no início da noite desta terça-feira (6).
De acordo com a entidade sindical, em uma reunião com a empresa sul-coreana nesta terça-feira (6) representantes da marca informaram que não têm intenção de seguir com as atividades na cidade. Isso pode ser o fim total da produção industrial da LG, que está na cidade desde 1997 e emprega mil trabalhadores. Com o quadro, 700 trabalhadores diretos devem ser demitidos.
A empresa sinalizou ao sindicato que pretende manter na cidade 300 funcionários do call-center.
“A LG posicionou que é por conta da questão do ICMS e não ter incentivos no Estado de São Paulo, coisa que encontra em Manaus. Isso teria sido debatido com o governador do estado de São Paulo, que foi intransigente”, disse o presidente da entidade.
Além da fábrica em Taubaté, a LG mantém outra na Zona Franca de Manaus (AM), na qual produz aparelhos de ar-condicionado, geladeiras e outros eletrodomésticos da chamada linha branca. A direção da empresa sinalizou ao sindicato que o governo de São Paulo é intransigente com a cobrança do ICMS, além de não oferecer os incentivos que encontra em Manaus.
No interior paulista a marca tem cerca de mil funcionários. A estimativa inicial era que 400 empregos do setor de celulares poderiam ser demitidos. De acordo com a entidade, a empresa sinalizou que pretende ficar na cidade somente com o setor de call center e serviços, que emprega 300 dos mil funcionários. Existe a possibilidade de transferência de alguns trabalhadores para Manaus.
Com o fim das atividades em Taubaté, as fábricas da Blue Tech e a 3C, em Caçapava, e a Sun Tech, em São José dos Campos, também devem ser afetadas por serem fornecedoras exclusivas da LG. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, 90% desse montante é composto por mulheres chefes de família. Todos os trabalhadores envolvidos nessas empresas estão em estado de greve.
Nota da empresa diz que: “Apesar da decisão de encerramento desta produção na Unidade mencionada, informa que manterá a comercialização e a produção de outras linhas de negócios no Brasil, gerando empregos e investimentos, além de novas oportunidades ao mercado brasileiro”, diz a nota, que ainda reforça que há negociações com o sindicato da categoria em andamento para implementar compensação adicional aos direitos vigentes.
A empresa informou ainda que vai seguir operando por mais alguns meses, até o encerramento total dos insumos para produção.
Negando as supostas tratativas entre a LG e o governo de São Paulo, a secretaria de desenvolvimento econômico do Governo de SP disse em nota que “a LG não procurou o Governo do Estado para tratar de qualquer questão tributária”.
Ainda segundo o Estado, a gestão “acompanha a situação dos trabalhadores da LG e trabalha intensamente na atração de investimentos para a região. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico esclarece que recebeu hoje um ofício do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e que irá agendar uma reunião com seus representantes”.
O futuro da LG já era especulado pela imprensa internacional desde o início do ano. Em fevereiro, uma notícia veiculada pelo jornal “The Korea Times” informava que a LG havia iniciado as negociações para a venda da produção global de celulares da marca.
No entanto, no fim de março a Bloomberg publicou que após o fracasso das negociações com uma empresa alemã e outra vietnamita, a empresa sul-coreana iria fechar o setor em vez de vendê-lo, devido à sequência de prejuízos e perdas com as vendas.