Com fim de celulares da LG, fábrica pode demitir 830 em SP

Decisão da sede da empresa na Coreia do Sul afeta fábrica de Taubaté, com 400 empregados alocados na área de smartphones, mais 430 estão em três fornecedoras terceirizadas.

Greve de trabalhadores da LG no final de 2015.

A LG Eletronics informou nesta segunda-feira (5) que deixará de fabricar celulares. A decisão do fechamento da divisão global de produção de smartphones foi tomada pela sede da empresa, na Coreia do Sul.

“Desde o segundo semestre de 2015, o nosso negócio global de celulares tem sofrido uma perda operacional por 23 trimestres consecutivos, resultando em um acumulado de aproximadamente 4,1 bilhões de dólares (US) até o final de 2020”, destacou a LG em comunicado à imprensa. 

“Depois de avaliar todas as possibilidades para o futuro do nosso negócio de celulares, o Headquarter Global [sede global da empresa] decidiu por fechar esta divisão a fim de fortalecer sua competitividade futura por meio de seleção e foco estratégico”, acrescentou a gigante de tecnologia.

A LG tinha uma fatia de apenas 2% do mercado de smartphones ao redor do mundo em 2020, segundo a empresa de análise Counterpoint Research. A fabricante perdeu participação na área nos últimos anos, principalmente após a chegada de concorrentes chinesas como a Xiaomi e a consolidação de outra sul-coreana: a Samsung.

No Brasil, o site de análise Statcounter indica que a LG é a 5ª marca mais popular, com cerca de 6,5% de participação no mercado – a primeira colocada é a Samsung (45%), seguida por Motorola (21%), Apple (13,4%) e Xiaomi (9,6%).

Brasil

A LG é uma das maiores empresas de eletrônicos no Brasil. Presente no país há mais de 15 anos, a empresa conta com três subsidiárias próprias: um escritório em São Paulo e duas unidades produtivas, em Manaus e outra em Taubaté (SP).

A LG possui duas fábricas no Brasil, uma em Taubaté (SP) e outra em Manaus (AM). Os celulares são fabricados apenas em Taubaté (SP). Nessa planta também são produzidos monitores – área que não deve ser afetada pela decisão da empresa. A fábrica em Manaus (AM) produz aparelhos de ar-condicionado, geladeiras e outros eletrodomésticos da chamada linha branca e não deve ser afetada.

A unidade paulista possui cerca de 1 mil funcionários – desses, 400 estão alocados na área de smartphones, com destino incerto, já que a empresa ainda não detalhou o que pretende fazer com eles.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, há ainda outros 430 funcionários de três fábricas terceirizadas exclusivas da LG que estão com os postos em xeque com o anúncio do fim da divisão de smartphones. Seriam a Blue Tech e a 3C, em Caçapava, e a Sun Tech, em São José dos Campos.

Os funcionários da LG em Taubaté estão em estado de greve desde o último dia 26. Os funcionários das três empresas fornecedoras da LG, todas no interior paulista, – Sun Tech, em São José dos Campos (SP), Blue Tech e 3C, em Caçapava (SP) – anunciaram hoje (5) que vão entrar em greve para pressionar a empresa sul-coreana a preservar os empregos no Brasil.

Procon SP

Na tarde de hoje (5), a Fundação Procon de São Paulo notificou a LG do Brasil para esclarecer o encerramento das operações de fabricação de celulares. Entre outras informações, a empresa terá de fornecer: a relação completa de todos os modelos de smartphones disponibilizados no mercado de consumo brasileiro nos últimos três anos com os correspondentes manuais de usuário e a relação de assistências técnicas autorizadas.

O Procon também demandou informações sobre o período estimado de vida útil dos aparelhos; um plano de atendimento aos consumidores, com indicação de tempo de vigência; e a comprovação de funcionamento de canais de atendimento aos consumidores, para recebimento e tratamento de demandas após o encerramento de suas atividades.

A empresa terá até o dia 9 de abril para responder aos questionamentos.

A LG afirmou que irá oferecer “suporte e atualizações de software para os consumidores por um período de tempo que irá variar de acordo com a região”, sem dar detalhes sobre nenhum país.

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