Leci Brandão enfrentou mercado para denunciar discriminação racial

No mês de duas datas marcantes como o Dia Internacional da Mulher, e o dia 21 de março, Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, a compositora, cantora e deputada estadual (PCdoB-SP) Leci Brandão relembrou no programa Saia Justa, da GNT, experiências de uma vida marcada pelo racismo

Leci Brandão - Foto: Reprodução Youtube

Leci Brandão é filha de dona Lecy de Assumpção Brandão, que foi servente de escola pública, trabalho que muitas vezes Leci realizou ao lado da mãe. “Eu ajudei minha mãe no serviço de varrição de salas, de lavar banheiro. Eu acho que o trabalho forjou a minha vida e também a dificuldade que enfrentei para conseguir o primeiro emprego”, contou a deputada no programa Saia Justa, da GNT, em entrevista que foi ao ar neste mês de março.

O anúncio dizia “Precisa-se de moça de boa aparência” e Leci se candidatava ao primeiro emprego sem conhecer o caráter racista da frase, atualmente em desuso. “Não sabia que significava que não podia ser negra. Sempre passava nas provas e era reprovada em um tal de psicotécnico. Aí eu fiquei pensando, não sou maluca, fiz tudo direitinho”, contou Leci no programa. Após algumas reprovações no “tal psicotécnico” Leci compreendeu que estava sendo recusada por ser negra.

“Eu sempre enfrentei a questão racial desde cedo, talvez por isso, eu enquanto compositora, tenha tido emoção e inspiração de fazer tantas músicas de cunho social”, relembrou. “Inclusive fui castigada pelas minhas letras. Tive música censurada e teve gravadora que recusou o meu trabalho porque achou que as letras eram muito sérias e pesadas”, completou Leci. Em uma década de efervescência na organização do movimento negro, Leci Brandão denunciava nos shows e nos meios de comunicação o preconceito e as agruras impostas ao povo.

A política institucional entrou na vida de Leci quando no primeiro mandato do ex-presidente Lula ela foi convidada para ser conselheira da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Em 2010, através do Partido Comunista do Brasil, Leci foi eleita deputada estadual em São Paulo, estado que a adotou e a quem ela credita a recuperação da carreira artística.

Leci foi a segunda mulher negra a assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em 180 anos de história da Casa. Atualmente está no terceiro mandato comprometida com projetos que promovam a igualdade racial, o respeito às religiões de matrizes africanas e à cultura brasileira.

Confira no vídeo abaixo uma parte da entrevista de Leci Brandão ao programa Saia Justa

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