Após quebra de sigilo, Bolsonaro surge como suspeito no caso da rachadinha

Reportagem do UOL divulgou que o esquema criminoso pode ter acontecido não apenas no gabinete do filho mais velho de Bolsonaro, Flávio, mas no do próprio presidente quando era deputado federal e do vereador Carlos Bolsonaro

Bolsonaro e filhos (Foto: Reprodução)

Após analisar 607.552 operações bancárias distribuídas em 100 planilhas de empresas e pessoas ligadas ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), acusado de praticar rachadinha quando era deputado estadual, reportagem do UOL revelou nesta segunda-feira (15) que há indícios de que o mesmo esquema era praticado pelo então deputado federal Jair Bolsonaro, e do irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Flávio, o filho mais velho do presidente, é acusado ter enriquecido ilicitamente desviando recursos do seu antigo gabinete com a rachadinha, esquema pelo qual parte do salário dos servidores é devolvido ao deputado. Ele teria movimentado com o crime cerca de R$ 6 milhões.

Segundo a reportagem, o presidente Bolsonaro empregou em seu gabinete, quando era deputado federal, por oito anos (de 1998 a 2006) Andrea Siqueira Valle, a irmã de sua segunda mulher, Ana Cristina Siqueira Valle, que ficou com todo o dinheiro acumulado na conta em que Andrea aparecia como titular e recebia o salário: um saldo de R$ 54 mil, em valores atuais uma quantia de R$ 110 mil.

Quatro assessores de Bolsonaro, quando ele atuava na Câmara, sacaram R$ 551 mil em dinheiro vivo, mais um indício de “rachadinha”. Saques de assessores de Carlos Bolsonaro também revelam indícios do esquema em seu gabinete: quatro funcionários retiraram R$ 570 mil, 87% de seus salários em dinheiro vivo.

Repercussão

No parlamento, a notícia causou grande impacto. “Bomba! A quebra de sigilos bancário e fiscal de pessoas e empresas ligadas ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) revela indícios de que o esquema da rachadinha também ocorria nos gabinetes do pai, o presidente Jair Bolsonaro”, destacou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), vice-líder da minoria na Câmara.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), trata-se de um crime já tipificado no Código Penal Brasileiro. “A revelação de que havia ‘rachadinha’ – na verdade, crime de peculato, do Art. 312 do Código Penal – no gabinete de Jair Bolsonaro não surpreende ninguém, mas comprova que é ele o líder e mentor do esquema de fraude rasteira que sustentou a família. É o ‘mito’ da corrupção”, disse o deputado.

“Matéria do UOL teve acesso às investigações em que esquema de Flávio Bolsonaro também ocorria com o resto da família, resumindo, o atual presidente!”, escreveu a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) no Twitter.

Com base na reportagem, o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) acionou o Ministério Público Federal e o Ministério Público no Rio de Janeiro para que que investiguem as suspeitas levantadas pelo UOL. “Rachadinha é desvio de dinheiro público. A reportagem do UOL mostra fortes indícios de que o esquema é um antigo negócio de toda à família e também envolve Jair Bolsonaro”, disse.

“Para não perder o costume, sai semana e entra semana e ficamos sabendo de mais alguma falcatrua da familícia. Desta vez a investigação das “Rachadinhas” chegaram nos gabinetes de Jair e Carlos Bolsonaro”, protestou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

O líder do PT no Senado, senador Paulo Rocha (PA), diz que a reportagem traz ao público outras revelações. “A explicação de por que Jair Bolsonaro estava tão preocupado com as investigações do filho. Os escândalos parecem não apenas respingar, mas levar a um esquema maior envolvendo a família. Se não têm nada a esconder, que deixem o caso seguir”, afirmou.

Com informações do UOL

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