Protestos por impeachment do presidente duram uma semana no Paraguai
Pressão para que Mario Abdo Benitez segue forte mesmo após trocas no governo
Publicado 12/03/2021 22:29
Os paraguaios seguem protestando após cinco dias consecutivos de manifestações pelo impeachment do presidente Mario Abdo Benitez e o vice, Hugo Velázquez. O motivo é a condução do combate à pandemia.
Em crise sanitária, o Paraguai acumula 174 mil casos e 3.387 mortes pela Covid-19. A população é próxima a 7 milhões de habitantes e apenas 0,1% da população recebeu ao menos uma dose da vacina. O único imunizante no país é a vacina russa, Sputnik V.
A expectativa dos paraguaios é que os recursos provenientes do empréstimo junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), no valor de U$ 274 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) seriam utilizados para providenciar atendimento médico e vacinas. Entretanto, o resultado não foi apresentado e as denúncias de corrupção e má gestão surgiram. Entre as principais acusações estão compras superfaturadas de insumos médicos e a demora na campanha de vacinação nacional.
O serviço público de acesso a medicamentos também é alvo de críticas. É preciso recorrer a um mercado paralelo para comprar remédios. Segundo a líder indígena Alicia Amarilla Leiva, camponeses estão vendendo seus animais e suas casas para arcar com o tratamento de familiares.
“Uma pessoa que entra em terapia intensiva deve pagar cerca de 4 milhões de guaranis por dia (cerca de R$3.300). Algo impossível. As pessoas estão se endividando para poder lutar pela vida”, relata a comunicadora social Cony Oviedo González.
Na capital, os manifestantes ficam em vigília permanente no centro da cidade. Os protestos ocorrem em outras cidades: Caaguazú, Misiones, Encarnación e Ciudad del Este.
A reação policial tem ganhado repercussão nas redes. Cerca de 20 pessoas foram presas durante as manifestações e uma faleceu pela repressão policial. Os manifestantes denunciam tortura contra os detidos e que a polícia está infiltrando agentes para gerar distúrbios.
Em tentativa de conter a pressão, o governo mudou a equipe de ministros. O ministro de saúde Julio Mazzoleni renunciou e o chefe de Estado anunciou uma reforma do gabinete, mudando o ministro de Tecnologia e Comunicação, o ministro de educação, o chefe de gabinete e a ministra da mulher. Abdo Benitez também pediu a renúncia do presidente do Instituto de Previdência Social.
Segundo a imprensa local, as trocas no Executivo parte da negociação entre Benitez e membros do seu partido para não iniciar um processo de impeachment.
Com informações de Brasil de Fato