Vacina comprova eficácia contra variantes no Brasil
Pesquisa feita com a USP aponta que imunizante é eficaz contra as três variantes do coronavírus – a britânica, a brasileira e a sul-africana – em circulação no país, segundo governo estadual. Variante P.1, originária de Manaus e considerada mais transmissível, é derivada da variante brasileira, contra a qual a CoronaVac se mostrou eficaz.
Publicado 10/03/2021 21:34
O Instituto Butantan anunciou que a vacina CoronaVac é eficaz contra as três variantes do coronavírus – a britânica (B.1.1.7), a brasileira (B.1.1.28) e a sul-africana (B.1.351) – em circulação no Brasil. O anúncio foi feito durante entrevista coletiva diária no Palácio Bandeirantes, em São Paulo.
A eficácia da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac foi verificada em um estudo preliminar feito em parceria com a Universidade de São Paulo (USP). O governo de São Paulo, no entanto, não apresentou detalhes da pesquisa científica em coletiva de imprensa.
Segundo o diretor do instituto, Dimas Covas, a vacina CoronaVac é eficaz contra as três principais variantes do Sars-Cov-2 que circulam no país. Ele explicou ainda que a variante P.1, que é originária de Manaus e é considerada mais perigosa, é derivada da B.1.1.28, na qual foi verificada a eficácia da Coronavac.
“Estamos diante de uma vacina que é efetiva em proteção contra essas variantes que estão circulando neste momento”, disse Dimas Covas. “Já sabíamos que os anticorpos da vacina do Butantan tinham eficácia contra variantes do Reino Unido e da África do Sul, e agora mostramos que têm eficácia contra variantes P1 e P2”, ressaltou.
De acordo com o diretor, a P.1 já pode ser a principal cepa em diversos municípios do país. A análise foi feita com base nos vírus em circulação na cidade de Serrana, no interior de São Paulo, que é objeto de um estudo do Butantan.
“Em Serrana, desde junho de 2020 nós fizemos um acompanhamento até hoje, e aí vimos que já em dezembro de 2020 apareceu já alguma coisa diferente em termos de mudança do vírus. Em dezembro apareceu a P.2 [derivada da cepa brasileira B.1.1.28], a primeira variante de importância. Em janeiro, essa variante P.2 já era a predominante. Agora, em janeiro e fevereiro, já passou a ser predominante a P.1, a mais agressiva. E isso pode estar acontecendo em outros municípios”, completou.
Estudo científico
A pesquisa sobre a CoronaVac foi conduzida pelo Instituto Butantan, responsável pelo estudo clínico da vacina e pela etapa final de produção do imunizante no país, em parceria com pesquisadores da USP.
Segundo o governo, os dados incluíram amostras de 35 participantes vacinados na Fase III. “O estudo completo inclui um número maior de amostras, que já estão em análise. Os resultados completos serão divulgados posteriormente”, disse o governo de São Paulo em comunicado oficial.
As vacinas compostas de vírus inativado, como a produzida pelo Instituto Butantan, possuem todas as partes do vírus. Isso pode gerar uma resposta imune mais abrangente em relação ao que ocorre com outras vacinas que utilizam somente uma parte da proteína Spike (proteína utilizada pelo coronavírus para infectar as células). A vacina do Butantan tem essa vantagem em relação às demais, pois pode levar a uma proteção mais efetiva contra as variantes que apresentam mutação na proteína Spike.
Outra característica da vacina inativada do Instituto Butantan é que ela consegue ter uma proteína Spike completa. As vacinas que têm fragmentos menores desta proteína têm menos chances de ser eficaz contra as novas variantes.
Ainda segundo o comunicado, nos testes realizados pelo Instituto Butantan foram utilizados os soros das pessoas vacinadas, colhidos por meio de exame de sangue, para verificar a eficácia dos anticorpos gerados no combate às variantes.
“As amostras são colocadas em um cultivo de células e, posteriormente, infectadas com as variantes. A neutralização consiste em testar se os anticorpos gerados em decorrência da vacina vão neutralizar, ou seja, combater o vírus nesse cultivo”, disse o governo estadual.
Novos lotes de vacinas
Nesta quarta (10), um novo lote contendo 1,2 milhão de doses da vacina do Butantan contra a Covid-19 foi encaminhado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. Com este carregamento, o Instituto já enviou ao governo um total de 17,3 milhões de doses da vacina.
Desde 17 de janeiro, quando foi enviado o primeiro lote da CoronaVac ao PNI, o número de vacinas entregues foi de 8,7 milhões em janeiro; 4,8 milhões em fevereiro; e 3,8 milhões até 10 de março.
Na próxima segunda (15), mais 3,3 milhões de doses serão encaminhadas ao Ministério da Saúde para posteriormente serem enviadas aos estados e distribuídas à população. “Em cinco dias, vamos entregar 4,5 milhão de doses, que é superior ao montante de vacinas que o Brasil recebeu de outras fontes”, afirmou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, em entrevista coletiva ao lado do governador de São Paulo, João Doria, no Palácio dos Bandeirantes.
Até o final de março, o Butantan terá entregue 22,7 milhões de doses da vacina contra a Covid-19. A expectativa é finalizar o primeiro contrato assinado entre Butantan e Ministério de Saúde, para a fabricação de 46 milhões de doses, até 30 de abril. O segundo contrato, para a produção de 54 milhões de doses, será cumprido até o final de agosto – um mês antes do previsto.
O Ministério da Saúde já encomendou ao Butantan outras 30 milhões de doses. Além disso, o estado de São Paulo encomendou mais 20 milhões de doses.
Entregas da Vacina do Butantan ao Ministério da Saúde:
17/1 – 6 milhões
22/1 – 900 mil
29/1 – 1,8 milhão
5/2 – 1,1 milhão
23/2 – 1,2 milhão
24/2 – 900 mil
25/2 – 453 mil
26/2 – 600 mil
28/2 – 600 mil
3/3 – 900 mil
8/3 – 1,7 milhão
10/3 – 1,2 milhão