As contradições do governo Bolsonaro

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Foto: Reprodução

As eleições sempre foram disputas de classes em busca do poder para garantir direitos, no caso aos trabalhadores, ou privilégios aos exploradores. No Brasil a classe dominante sempre foi useira e vezeira em não aguardar as eleições, e não titubeia em tomar o poder através de golpes.

Passados apenas algumas décadas do golpe militar que infelicitou o Brasil por 21 anos, recentemente, pouco mais de um ano da sua reeleição, a presidente Dilma foi derrubada sob alegação que cometera “pedaladas”, operações orçamentárias que não seriam previstas na legislação, ocorridas em outros governos e corriqueiras no atual, que já acumula mais de 70 pedidos de impeachment, sem nenhum julgamento.

A sustentação de um governo depende principalmente do apoio na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Dilma caiu quando perdeu o apoio dos deputados do grupo chamado Centrão, o mesmo que agora, em troca de cargos e emendas, passou a garantir a permanência de Bolsonaro. Um dosarticuladores dessa manobra, foi Paulo Guedes, o ministro da Economia, “o dono do cofre”.

Paulo Guedes é o homem de confiança dos poderosos, escolhido à dedo pelo tal “mercado”, inclusive por ser um deles, também banqueiro. Esse setor apoiou e financiou a eleição de Bolsonaro, após ter a garantia de que Paulo Guedes teria total autonomia na economia do país, ou seja, garantia total para atender seus interesses.

Outro motivo do apoio é que Bolsonaro preenchia o melhor dos requisitos ao qual as elites mais preferem, um bobo da corte, um panaca, facilmente manipulável. No poder enquanto Bolsonaro passa o tempo de trapalhadas e presepadas, Paulo Guedes governa.

Paulo Guedes, que tem a chave do cofre, dissimuladamente vai dando as cartas, elaborando as tais reformas, persuadindo parlamentares a aprovar propostas que surrupiam direitos dos trabalhadores, verbas dos setores sociais, vendas das lucrativas empresas brasileiras.

Depois que Paulo Guedes e Bolsonaro, ao invés de comprar vacinas, compraram o Centrão, agora chantageiam o Congresso e os brasileiros com a promessa de um mísero auxilio emergencial, porém, em troca de mudanças na Constituição para retirar a garantia de recursos para as áreas de saúde, educação e outras.

Ou seja, Paulo Guedes e Bolsonaro querem reduzir bilhões da saúde, da educação, para dar em troca, apenas por alguns meses, uma merreca de R$ 250,00, que não atende sequer metade dos desempregados e desalentados do país.

Mas nem tudo no governo corre às maravilhas. Com os sucessivos e abusivos aumentos dos combustíveis, o bobo da corte, que tem certa experiência eleitoral, sentiu o descontentamento principalmente de uma de suas bases, os caminhoneiros, que devido ao alto preço do diesel ameaçam nova greve.

Bolsonaro, no seu mais eloquente estilo populista, demitiu o presidente da Petrobras. Mas nada fala em mudança da política de preços atrelada ao dólar, adotada pelo governo ilegítimo de Michel Temer.

O tal mercado, os abutres investidores, que estão ganhando rios de dinheiro na Petrobras, utilizando o espaço na grande mídia, bombardeiam Bolsonaro.

É a contradição entre a ganância dos poderosos que querem tirar o máximo proveito nesse governo entreguista e traidor, e o fantoche que apoiam, que pensa na sua reeleição, mas vê despencar o apoio de suas bases.

A contradição interna nesse governo pútrido, e os eleitores que ainda o apoiam, mas que também já enfrentam o desemprego, os aumentos exorbitantes dos combustíveis, as agruras da fome devido à alta dos alimentos em geral, somados às graves consequências da pandemia que já matou mais de 250 mil e infectou 10 milhões de brasileiros, só tendem a acirrar.

A maioria dos brasileiros já cansados de tantas imbecilidades, aos democratas que sentem a cada momento ataques covardes e perigosos à democracia, aos que sofrem as dores causadas pela pandemia, aos que querem o progresso da Nação, é hora de dar um basta, encontrar formas de protestar nas ruas e gritar: Fora Bolsonaro!

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