Danilo Catalano: A importância do comunismo para a luta antirracista

Constantemente percebemos que as lutas indentitárias andam sendo separadas de uma luta de grupo, para serem apenas para grupos específicos que vivem constantemente os preconceitos, excluindo aqueles que por sua posição social e biológica, não sofrem o mesmo.

A exclusão não deveria ser nem pauta preocupante para grupos da esquerda, que acabam sendo vistos pejorativamente por uma direita incoerente e sem base teórica, que acredita que as lutas sociais da esquerda são separadas, sendo que a visão individualista liberal torna estas lutas muito mais separatistas.

A ideia de comunismo, comunhão, relação de grupo, deve sempre ser base da ideologia da esquerda, o que exclui, por exemplo, a ideia de ser separatista. Não, os comunistas pensam que todas as lutas são unificadas, são parte da luta de classes e, por isso, todos devem se preocupar com elas, sejam estas lutas quais forem, LGBT, racial ou econômica, todas devem ser preocupação.

Isto porque um grupo não consegue lutar contra algo que apenas uma parte dele participe. Por isso a frase que foi repetida constantemente por Leci Brandão (PCdoB) durante a campanha municipal de 2020 em São Paulo: “Não basta não ser racista. Devemos ser antirracistas”.

Muitos daqueles que não sofrem o racismo no seu dia a dia acabam se distanciando desta luta, por pensarem que não fazem parte dela. Pois fazem, sim, tão parte dela quanto aqueles que passam em seu cotidiano sofrendo o preconceito racial.

O comunismo, por si só, já configura está luta unificada, por caracterizar esta visão do grupo. Se só quem sofre o preconceito e convive com ele se preocupar, não será possível desconfigurar essa estrutura. Claro que aquele que não sofre deve ter em conta seu lugar de fala, para não acabar tendo uma atitude autoritária, que configura a sua posição social privilegiada, como querer ensinar aos que sofrem o preconceito como agir em relação a ele.

Mas, afinal, como deve agir quem não sofre? Entender o seu lugar de forma psíquica, social e política é fundamental para a luta antirracista, o que o torna o principal a escuta e o entendimento das ações e das percepções daqueles que sabem como é esta realidade, tendo sempre como ponto de partida o pensamento de que “esta não é a minha realidade”.

Podemos concluir que o comunismo, por mais que seja alvo de uma grande visão pejorativa na sociedade brasileira, é fundamental para a superação de preconceitos e de lutas sociais. Ao incluir todos os membros da sociedade, essas lutas podem ser supridas como um todo, para, assim, existir uma comunhão na vida social dos indivíduos.