Trabalhadores do Banco do Brasil fazem greve contra o desmonte
Mobilização é contra a reestruturação implantada unilateralmente pelo governo Bolsonaro e a diretoria do banco para privatizar a instituição
Publicado 10/02/2021 12:31 | Editado 10/02/2021 13:52
É nesta quarta-feira (10/02) que o Banco do Brasil pretende dar início ao plano de reestruturação, retirando todas as funções de caixa. Como forma de protesto e indignação, os funcionários do BB realizam paralisação nacional por 24 horas. Por todo o país, a mobilização é contra a reestruturação implantada unilateralmente pelo governo Bolsonaro e a diretoria do banco para privatizar a instituição financeira.
Em mais um grande ato, o Sindicato dos Bancários da Bahia protestou em frente à agência da Avenida Manoel Dias, na esquina com a Rua Pará, em Salvador. Na luta contra o desmonte e em defesa da empresa e do funcionalismo, os trabalhadores, de preto, se unem para combater as demissões voluntárias, o descomissionamento de caixas, a redução de salários, a realocação para qualquer lugar do país e a mudança radical da vida dos bancários.
Na reestruturação, o governo Jair Bolsonaro vai desligar 5 mil funcionários e fechar, neste semestre, 361 unidades do Banco do Brasil (112 agências, sete escritórios e 242 Postos de Atendimento). Além disso, Bolsonaro vai converter 243 agências em postos de atendimento e a transformar 145 unidades de negócios em Lojas BB, sem gerentes e guichês de caixa.
Na segunda-feira (8), o BB divulgou que 5.533 funcionários aderiram aos programas de demissão voluntária. O esvaziamento do quadro do pessoal faz parte da reestruturação planejada pelo governo Bolsonaro. Trabalhadores cobram transparência por parte do BB e querem a abertura de negociações sobre o plano.
O desmanche do Banco do Brasil – passo indispensável para uma futura privatização – afeta não só a categoria, mas sobretudo o Brasil e, em especial, os pequenos municípios. Com uma rede de agências reduzida e com menos funcionários, a população será prejudicada. Em algumas cidades ficarão sem agências e o atendimento vai ser ainda mais precarizado.
Trabalhadores do Banco do Brasil já realizaram atos nacionais nos dias 15 e 21 de janeiro. Já no dia 29 de janeiro, foi realizada uma paralisação de 24 horas. Também houve mobilizações nas redes todos estes dias. “Os funcionários exigem negociação e transparência”, afirma Adriana Ferreira, dirigente sindical em SP e funcionária do Banco do Brasil.
O aumento da digitalização bancária é o principal argumento do governo federal para pôr em prática a reestruturação. “Este processo crescente de digitalização inclui as classes média e alta, mas exclui as camadas mais vulneráveis”, diz Adriana. “Ao tomar esta decisão, a direção do banco está tirando o atendimento dessas pessoas de renda mais baixa e atacando diretamente o papel do BB de indutor da economia, principalmente para as micro e pequenas empresas.”
Durante a crise causada pela pandemia de Covid-19, o BB concedeu R$ 6,6 bilhões em crédito para 110 mil micro e pequenas empresas por meio do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte). Para efeito de comparação, por meio do mesmo programa, o Itaú concedeu R$ 3,9 bilhões para 42 mil empresas.
Por outro lado, entre 2014 e 2020 o Banco do Brasil fechou 19,5 mil postos de trabalho (-17,5%) e a Caixa, 16,9 mil (-16,9%), enquanto o Bradesco abriu 414 vagas (+0,4%), o Itaú fechou 1.920 (-5,1%), e o Santander 4,1 mil (-8,4%). De 2016 a 2019, o lucro líquido ajustado do BB apresentou crescimento de 122%, passando de R$ 8,033 bilhões em 2016 para R$ 17,848 bilhões em 2019. No mesmo período, o banco fechou 19% das agências e reduziu o quadro de funcionários em 16%.
Com informações dos sindicatos dos Bancários da Bahia e de São Paulo