OMS critica distribuição desigual de vacinas entre países
Dos 42 países que iniciaram vacinação, 36 são ricos e 6 de média renda. Países ricos fazem acordos bilaterias fora do consórcio Covax Facility, que garantiria distribuição equitativa.
Publicado 08/01/2021 19:09 | Editado 08/01/2021 19:59
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou em entrevista coletiva virtual realizada hoje (8) a necessidade de assegurar uma distribuição equitativa das vacinas no mundo. O diretor-geral informou que já foram garantidos no âmbito do consórcio internacional Covax Facility 2 bilhões de doses, cujo encaminhamento a países depende agora do envio pelos fabricantes.
Mas alertou para o fato da oferta de vacinas ser bastante diferentes entre os países. Ele lembrou que, dos 42 países que já iniciaram a vacinação, 36 são ricos e seis de média renda. Acordos bilaterais têm levado ao aumento do preço das vacinas e dificultado o acesso por nações mais pobres.
“Eu apelo a países que adquiriram mais vacinas do que precisam e estão controlando a cadeia global de oferta que doem para o consórcio Covax. E apelo a países e fabricantes que parem de fazer acordos bilaterais às expensas da Covax. O tempo de distribuir as vacinas equitativamente é agora”, sublinhou.
Brasil
Na mesma reunião, diretores da OMS afirmaram que o Brasil está na segunda onda da pandemia do novo coronavírus. Eles destacaram a importância do anúncio do Instituto Butantan ontem (7) e pontuaram que o crescimento de novos casos está ocorrendo de forma distinta em diferentes partes do país.
O diretor executivo da organização, Michael Ryan, disse que o Brasil passa por um processo semelhante ao de outros países em relação à retomada do crescimento de casos e mortes nesta virada de ano.
“O Brasil está na mesma situação que vários outros países estão, lidando com uma segunda onda. Estamos lutando contra este vírus em diferentes países e de diferentes formas”, assinalou Ryan, em resposta a uma pergunta de um jornalista.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já afirmou anteriormente que não há, no país, uma segunda onda de covid-19, termo utilizado por especialistas, e apresentou outra classificação. Segundo ele, a primeira onda seriam os casos e mortes, com “repiques”. A segunda onda consistiria em cirurgias e tratamentos não realizados pelo cancelamento de cirurgias eletivas ou pelo medo de pacientes de se dirigirem ao hospital.
Diferenças regionais
A vice-diretora geral da OMS, a brasileira Mariângela Simão, falou sobre os dados de eficácia da vacina do Butantan na não evolução para quadros graves e enfatizou o caráter desigual da evolução recente da pandemia no país.
“As diferentes regiões estão mostrando diferentes sinais seja de estabilização ou de aumento, especialmente no Sudeste e no Sul do Brasil”, comentou.
A diretora técnica da OMS, Maria Van Kerkhove, enfatizou a importância da observância dos dados de evolução da pandemia em cada local para pensar e colocar em prática os planos de combate à pandemia e o atendimento da população.
“Independentemente de onde você está, os dados devem orientar o que você vai fazer em seguida, as atividades de vigilância, a busca por casos, as investigações de áreas de casos. A implantação de planos deve ser guiada pela avaliação epidemiológica da situação local. Usem tudo o que está disponível para reduzir a disseminação”, defendeu.
Com informações da Agência Brasil