Brasil precisa dominar pesquisa em vacinas de RNA mensageiro

O diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP alertou para a falta de estudos no Brasil na tecnologia do futuro em vacinas

Luiz Carlos de Souza Ferreira – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Nesta segunda (14), a USP reuniu alguns de seus maiores especialistas nos vários aspectos envolvendo a imunização da população brasileira contra o coronavírus. O evento Vacinas e covid- 19: Uma visão multidisciplinar foi transmitido pelo Canal USP no YouTube para uma audiência que atinge, só neste primeiro dia, mais de 10 mil usuários. A maioria cheia de perguntas e atenta a um tema que neste momento interessa a qualquer pessoa: uma vacina que, se não der fim a esta pandemia, ao menos poderá inaugurar um capítulo menos trágico dela – são mais de 180 mil mortos pela doença até agora no País.

Luis Carlos de Souza Ferreira, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, pontuou a importância dos grupos brasileiros que se dedicam a vacinas, citando a parceria do ICB com a plataforma Pasteur. Para ele, as novas tecnologias que surgiram e estão sendo adotadas, como as vacinas de RNA mensageiro – que inclusive estão sendo estudadas experimentalmente no ICB -, vão inaugurar um capítulo novo na história dos imunizantes, abrindo perspectivas para outras vacinas que precisarem, no futuro, ser implementadas em tempo recorde.

Por isso mesmo, ele considera preocupante que no Brasil poucos grupos dominem hoje a tecnologia de RNA mensageiro. “Precisamos ter mais grupos trabalhando com ela e com outras tecnologias também. Para isso é necessária uma política global de apoio, financiamento e integração com setores produtivos”, afirmou, comparando à fabricação de um carro, que não demanda apenas o conhecimento de como fazer as peças. “Nós temos competência na área básica mas precisamos reconhecer a necessidade de um plano nacional, ou pelo menos estadual, para que universidades e empresas trabalhem em conjunto. Ou ficaremos dependentes.”

O evento foi organizado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação, pelo Instituto de Estudos Avançados e pela Superintendência de Comunicação Social. 

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