Ex-ministros da Saúde querem plano abrangente de vacinação contra Covid-19
Para eles, todo o acúmulo de competências está sendo colocado em risco pelo desastre e ineficiente condução do Ministério da Saúde em relação à estratégia brasileira de vacinação da população contra Covid-19
Publicado 09/12/2020 10:25 | Editado 09/12/2020 20:39
Em artigo conjunto publicado no jornal Folha de São Paulo, ex-ministros da Saúde defenderam um plano sólido de vacinação contra Covid-19 no país. Eles dizem que essa etapa tem que envolver todos os imunizantes com registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), sem qualquer discriminação.
O plano dever permitir, em 2021, vacinar toda a população brasileira, “prevenindo o surgimento da doença grave e suas consequências, afetando a pressão atual sobre nosso sistema de saúde e garantindo o retorno pleno às atividades econômicas e sociais”.
Para eles, todo o acúmulo de competências está sendo colocado em risco pelo desastre e ineficiente condução do Ministério da Saúde em relação à estratégia brasileira de vacinação da população contra Covid-19.
Os ex-ministros destacam ainda que a história da ciência brasileira, ligada ao processo de pesquisa, desenvolvimento e produção de imunobiológicos e vacinas, é de sucesso. Entre os países em desenvolvimento, o Brasil é um dos poucos a dispor hoje de uma base produtiva e tecnológica em vacinas. Dois dos maiores produtores estão no Brasil: o Instituto Butantan (São Paulo) e o Instituto Bio-Manguinhos, na Fundação Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro).
“Essa base produtiva e o esforço de ação coordenada do SUS nas três esferas de governo permitiram que o país disponha hoje de um dos melhores e mais abrangentes programas de imunizações do mundo, capaz de garantir altíssima cobertura vacinal e que tem possibilitado a prevenção e o controle de várias doenças. Exemplos recentes são a vacinação da população brasileira, em 2010, contra o H1N1, quando 100 milhões de pessoas foram imunizadas com vacinas produzidas localmente no Instituto Butantan; a erradicação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita, em 2010; e a introdução de novas vacinas, como um anti-HPV, em 2014, que nos próximos anos reduzir drasticamente a mortalidade por câncer de colo uterino”, diz um trecho do artigo.
Segundo eles, contando com proteção do SUS, um sistema de saúde de caráter universal e com vários centros de P&D (pesquisa e desenvolvimento) voltados para o campo da vacinologia, o Brasil produz em seus laboratórios a maioria das doses utilizadas pelo país em seu programa nacional de vacinação. Se considerado apenas o ano de 2018, nosso programa de imunizações utilizou mais de 300 milhões de doses de vacinas.
“Essa capacidade endógena na produção de imunizantes, que reduz nossa dependência do exterior e garantias altas coberturas vacinais, foi construída a partir de uma visão estratégica de distintos governos com parcerias de transferência de tecnologia entre laboratórios públicos e empresas multinacionais do setor farmacêutico”, lembraram.
Eles também destacaram a inovação da capacidade logística, que nos permitiu ao país dispor de pontos de vacinação em todo o território nacional e de mobilizar milhares de profissionais plenamente capacitados na organização e execução de campanhas de vacinação em massa.
Ex-ministros que assinaram o artigo:
Alexandre Padilha
Arthur Chioro
Barjas Negri
Humberto Costa
José Agenor Álvares da Silva
José Gomes Temporão
José Serra
José Saraiva Felipe
Luiz Henrique Mandetta
Marcelo Castro
Nelson Teich