MEC vai revogar portaria que determina volta de aulas presenciais
Após repercussão negativa, ministério da Educação desiste de medida que estipulava volta às aulas presenciais no ensino superior a partir de janeiro
Publicado 03/12/2020 16:45 | Editado 03/12/2020 17:12
O ministério da Educação (MEC) decidiu revogar a portaria que estipula a volta das aulas presenciais nas universidades federais, institutos federais e faculdades particulares a partir de janeiro. Publicada na quarta-feira (02), a medida repercutiu negativamente na opinião pública.
A portaria surpreendeu as instituições federais, que não foram consultadas sobre o assunto. Além da decisão unilateral, a medida também foi criticada pelo momento atual de crescimento de casos de Covid-19 no país. Durante a pandemia, o ministério não atuou para equipar e instruir as universidades para a volta às aulas .
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, recuou após as reações contrárias das instituições e associações ligadas ao ensino no Brasil. Em entrevista à CNN, Ribeiro declarou que não esperava resistência com a medida. “. “Quero abrir uma consulta pública para ouvir o mundo acadêmico. As escolas não estavam preparadas, faltava planejamento”.
O ministério da Educação, anteriormente sob gestão de Abraham Weintreub (exonerado do cargo em junho), é considerado um dos apoios ideológicos para o governo de Jair Bolsonaro. A pandemia foi reiteradamente minimizada pelo presidente da república, especialmente as medidas de distanciamento. A tentativa frustrada de interferir na autonomia das universidades mostra que o ministério se mantém alinhado completamente ao pensamento bolsonarista.
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Associação Nacional dos Pós-graduandos (Anpg) publicaram nota conjunta que destaca que “a portaria é uma evidência do descaso e da falta de um acompanhamento sério sobre a situação da educação em tempos de pandemia”.
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) também se manifestou contrário à portaria. No comunicado intitulado “Governo quer colocar nossas vidas em risco. Não aceitaremos”, a diretoria do Andes caracterizou a portaria como “coerente com a postura negacionista do governo federal”.
Com informações de O Globo