Na ditadura, Taiguara citou mais-valia de forma lírica e metafórica
Música com referência ao famoso conceito marxista é exemplo do modo como o compositor driblava a censura
Publicado 26/11/2020 23:58
Mais valia eu ter-te amado
Que ter-te explorado tanto
Mais valia o meu passado a teu lado
Do que mais luxo e mais encanto
Fiz capital, te explorando
Fiz o mal, nos separando
E hoje aqui estou derrotado,
Um ladrão desalmado
Que acabou chorando
(Mais Valia, de Taiguara)
Taiguara (1945-1996) foi um dos artistas mais censurados pela ditadura militar brasileira (1964-1985). No entanto, ele se utilizava da criatividade para driblar as imposições do regime, como afirmou o pesquisador Omar Jubran no programa Olhar Brasileiro, da Rádio USP (93,7 MHz), transmitido no dia 22 passado, que apresentou a obra desse cantor e compositor nascido em Montevidéu, no Uruguai, e radicado no Brasil desde os 4 anos de idade.
Um exemplo dessa criatividade é a música Mais Valia, que de forma lírica e metafórica faz referência a um dos mais conhecidos conceitos elaborados pelo pensador alemão Karl Marx (1818-1883), criador do chamado socialismo científico – o conceito de mais-valia, que se refere à diferença entre o valor final de uma mercadoria e a soma do valor do trabalho e dos meios de produção necessários para a produção daquela mercadoria, que é a fonte do lucro.
Além de Mais Valia, outras composições de Taiguara foram apresentadas em Olhar Brasileiro, como Teu Sonho Não Acabou, Universo no Teu Corpo, Hoje, Viagem, Que as Crianças Cantem Livres e Voz do Leste.
Ouça nos links abaixo a íntegra do programa.
https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2020/11/OLHAR-BRASILEIRO_22-e-24_NOVEMBRO_Bloco_01.mp3\
https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2020/11/OLHAR-BRASILEIRO_22-e-24_NOVEMBRO_Bloco_02.mp3
https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2020/11/OLHAR-BRASILEIRO_22-e-24_NOVEMBRO_Bloco_03.mp3