Não é possível calar frente ao racismo, diz Manuela
A candidata a prefeita de Porto Alegre, Manuela Dávila, participava de debate na TV Bandeirantes, quando soube do assassinato de um homem negro no Carrefour da capital gaúcha.
Publicado 20/11/2020 12:54 | Editado 20/11/2020 14:26
A candidata do PCdoB à Prefeitura de Porto Alegre, Manuela d’Ávila, reagiu, nas redes sociais, ao espancamento e morte do homem negro João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, no estacionamento do Carrefour no bairro Passo d’Areia, Zona Norte da capital gaúcha, ocorrido na noite desta quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra.
O caso — como muitos outros já ocorridos no país — demonstra mais uma vez a brutalidade do racismo escancarado no Brasil e guarda semelhança com a morte George Floyd nos Estados Unidos.
“Estava no debate da Band e na saída soube do assassinato de um homem negro pela abordagem violenta dos seguranças do estacionamento do Carrefour. Sei que já há pedido de investigação sendo feito por parlamentares e pela bancada antirracista recém eleita. Mas as imagens dizem muito. O racismo que estrutura as relações de nossa sociedade precisa ser enfrentado de frente. As mulheres e homens brancos precisam assumir a sua responsabilidade na luta antirracista. Quantos Betos? Qual pessoa branca você viu ser vítima dessa violência??”, postou Manuela, em suas redes sociais, ainda na quinta-feira, logo depois da morte de Beto.
O vice de Manuela, Miguel Rossetto também se manifestou: “A brutalidade que levou à morte de um homem negro, no Carrefour na véspera do Dia da Consciência Negra em Porto Alegre, demonstra a urgência de nós homens e mulheres brancos nos mobilizarmos na luta antirracista. Não existe democracia, liberdade, nem desenvolvimento com racismo!”
Bancada negra
Nesta sexta-feira (20) Dia da Consciência Negra, as vereadoras e vereadores negros recém-eleitos Bruna Rodrigues e Daiana Santos (PCdoB), Karen Santos e Matheus Gomes (Psol) e Laura Sito (PT) protestaram pela manhã em frente ao Carrefour.
“No dia da consciência negra, um grito por justiça. Não é possível calar frente ao racismo que ceifa a vida de milhares de homens e mulheres negras todos os dias. Nesse momento, a bancada negra, que vai ocupar a Câmara de Vereadores de Porto Alegre nos próximos anos, está em frente ao Carrefour cobrando responsabilização e prestando toda a solidariedade à família da vítima. #justiçaporbeto“, disse Manuela sobre o protesto em suas redes.
Bruna Rodrigues também se manifestou: “Eu queria estar comemorando a eleição de uma bancada negra para a câmara de vereadores. Eu queria estar planejando um projeto de defesa da vida da população preta. Mas estou aqui chorando e gritando por mais um de nós que é assassinado covardemente. O que aconteceu no Carrefour ontem não é caso isolado! É racismo que nos mata. Nós sabemos o medo que dá andar nas ruas, nos mercados… basta! Chega de racismo! Não aguentamos mais!”.
Daiana Santos declarou: “20 de Novembro dia da Consciência Negra! E estou eu aqui paralisada mais uma vez com a noticia da morte violenta de mais um dos nossos. Senti bater forte aqui, pois a pouco recebi o link de um jornal, mostrando a matéria com a primeira bancada Preta de POA e na sequência me deparo com essa notícia que também me mata! Vidas negras importam?”.
Em resposta a postagem do influenciador digital Felipe Neto ainda na quinta-feira — “O que mais me dá ódio é a sensação de não ter o q fazer. Boicotar o Carrefour só vai tirar empregos, prejudicar trabalhadores inocentes. Os chefões continuarão andando de iate e jato particular. Que ódio do cacete”— Manuela respondeu: “Manifestação amanhã às 18h no Carrefour”, chamando para o ato que acontece nesta sexta-feira (20).