Ministro dá até 10 dias para resolver situação do Amapá e gera indignação

O Amapá viveu nesta sexta-feira o quarto dia sem energia elétrica.

A afirmação do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que disse nesta sexta-feira (6) que o governo pretende restabelecer a energia no Amapá “em até 10 dias”, foi recebida com indignação nas redes sociais, onde o drama dos amapaenses vem repercutindo fortemente.

O estado está há mais de 65 horas sem energia. A causa do apagão foi a explosão de um transformador da empresa espanhola Isolux, na subestação Macapá, que faz interligação com o Linhão do Tucuruí.

“O Amapá está no quarto dia com 89% da população sem energia elétrica! A situação é crítica e o ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro deu dez dias para restabelecer. Dez dias! Não há água encanada, telefonia, não dá para sacar dinheiro ou fazer compras”, disse, em sua conta no Twitter, o influencer Felipe Neto.

A cantora Gaby Amarantos, que é de Belém, no Pará, estado fronteiriço ao Amapá, protestou contra o descaso com que a Região Norte é tratada. “É sobre essa negligência à Região Norte que eu tanto falo. O Amapá em estado de calamidade e nada na mídia. Parem de exclusão, nos respeitem, tem uma nação potente que não aguenta mais esse descaso. A gente faz parte desse país sudestecêntrico”, escreveu.

Ela também reclamou da ausência do governo. “Bolsonaro foi votado pela maioria do povo do Amapá, cadê o governo agora? Cadê as autoridades? #SOSAmapa”.

A cantora carioca Iza também pediu ajuda para os amapaenses. “Quase quatro dias sem energia elétrica. Você consegue se imaginar nessa situação? O Amapá está vivendo isso agora. É hora de mobilizar forças #SOSAmapa”, postou.

Políticos também se manifestam

A situação também gerou críticas de políticos. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), colocou-se à disposição do governador do Amapá, Waldez Goés (PDT), para auxiliar no que for necessário em solidariedade à população do estado. Dino também lamentou a ausência do presidente da República, Jair Bolsonaro, em um momento tão dramático para os habitantes de uma das unidades da Federação do país que governa.

“Bolsonaro já se deslocou para o Amapá, em solidariedade à população que está com graves sofrimentos e transtornos? Qual a ajuda que será dada aos comerciantes que estão acumulando gigantescos prejuízos?”, questionou no Twitter.

“Já imaginou um estado inteiro sem eletricidade? É o que está acontecendo com o Amapá há quatro dias. O ministro de Minas e Energia disse que pretende restabelecer a energia em DEZ dias. É tempo demais! O povo do Amapá merece respeito! #SOSAmapa”, escreveu o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ).

Guilherme Boulos, candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, também se manifestou. “Ministro diz que pretende restabelecer a energia no Amapá em até 10 dias. A causa do apagão é um incêndio em transformador da empresa espanhola Isolux. Uma empresa terceirizada pela União. Cadê a agilidade do setor privado? Privatizar não é a solução”, afirmou.

O ex-candidato à presidência da República Ciro Gomes (PDT) disse que o governo Bolsonaro é “trágico”. “Governo Bolsonaro é trágico para o país! Nosso povo no Amapá sem energia elétrica há três dias! E estes irresponsáveis que estão no governo federal não conseguem dar uma declaração correta. Fora Bolsonaro!”, escreveu esta manhã.

Dificuldades de comunicação

A situação no estado é tão complicada que muitas pessoas estão incomunicáveis. A reportagem tentou, e não conseguiu, falar com a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP), que está em Santana. Ao Vermelho, um assessor da parlamentar relatou que poucas localidades nas cidades de Macapá e Santana têm energia.

Em geral, são casas que ficam perto de hospitais e outros estabelecimentos estratégicos. Há também muita dificuldade para conseguir sinal de internet. Tem havido longas filas em bancos 24 horas, falta de água e postos sem combustível. Os hospitais dependem de geradores para atender à população.

Em vídeo postado no final da tarde no Instagram, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que havia notícia de restabelecimento da energia em alguns bairros de Macapá. Mas, segundo o senador, nos próximos 10 a 15 dias, o estado precisará viver em um esquema de racionamento.

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