Servidores dizem que governo Bolsonaro não prioriza combate às queimadas
A Associação Nacional dos Servidores do Meio Ambiente criticou a retirada dos brigadistas do Ibama das atividades de combate a incêndios florestais no país
Publicado 22/10/2020 16:41 | Editado 22/10/2020 16:42
A Ascema (Associação Nacional dos Servidores do Meio Ambiente) criticou a retirada dos brigadistas do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) das atividades de combate a incêndios florestais no país. Com a medida, a entidade diz que fica claro que esse tipo de atividade não é prioridade no governo Bolsonaro que age com “maldade, hipocrisia e incompetência.”
“É mais um absurdo deste governo que não prioriza recursos para prevenção e combate às queimadas, fiscalização ambiental, ciência e tecnologia, saúde, vacinação da Covid-19 e etc. Um governo que rasga dinheiro com o fim do Fundo Amazônia e agora diz que não tem recursos”, protestou a Ascema por meio de nota. “Sem recursos, os brigadistas não podem estar em campo, arriscando suas vidas sem o mínio de suporte e garantias.”
Para promover investimentos no meio ambiente, na saúde e uma renda básica de cidadania, a entidade propôs uma reforma do estado brasileiro com a extinção do teto de gastos, tributação de lucros, dividendos, iates, helicópteros, agronegócio, setor financeiro, taxar progressivamente a renda e o patrimônio dos mais ricos, incluindo as grandes fortunas e grandes heranças.
De acordo com a Associação, seria uma reforma que não arrochasse os investimentos sociais, ambientais, culturais e a qualidade dos serviços públicos. Também criticou o “auxílio emergencial ridículo” de R$ 200 proposto inicialmente pelo governo. “A pressão da sociedade e do Congresso Nacional triplicou o valor que já foi cortado pela metade pra 300 reais, o que empurra ainda mais pessoas pras ruas em busca de trabalho e renda”, diz a nota.
A Ascema defendeu ainda uma economia verde estimulando o consumo de produtos que não agridem a natureza e promovam a preservação. “Outra medida importante seria cortar a parcela das remunerações ‘criativas’ de membros da cúpula dos Três Poderes que ganham, por meio de vários penduricalhos, acima do teto constitucional”, propôs.
Segundo a entidade, todas as questões levantadas demonstram claramente a maldade, hipocrisia e incompetência do governo.
Justificativa
O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, considerou grosseira a explicação do governo para retirada dos brigadistas. “É uma justificativa ridícula de falta de orçamento. Neste momento, o governo tem mais de R$1,5 bilhão parados no Fundo Amazônia e está sendo processado no Supremo por omissão, pela não utilização deste dinheiro, e diz estar retirando os fiscais por falta de recursos. Se o Ibama dissesse que está retirando os fiscais porque os incêndios estão controlados, a situação está resolvida, porque não temos mais problemas daqui para frente, portanto, não é mais necessária a ação desses fiscais, é uma coisa. A gente poderia verificar e discordar ou não da avaliação. Agora, ele não está retirando os fiscais por conta desta avaliação. Ele está usando uma desculpa que não tem cabimento na realidade”, afirmou ao Congresso em Foco.
Incêndio em alta
Enquanto isso, dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgados nesta quinta-feira (22) dão conta de que nos primeiros 20 dias deste mês foram registrados 2.667 focos de incêndio no Pantanal. Comparado ao mesmo período do ano passado, houve aumento de 408%. Em toda a Amazônia são mais de 12 mil focos de incêndio e 11.946 no Cerrado, um crescimento de 211% e 86%, respetivamente.
Negacionismo
Nesta quinta-feira, Bolsonaro anunciou que em breve levará diplomatas estrangeiros à Amazônia para verificar que não existe queimadas e nem devastação da floresta. “Não verão na nossa floresta amazônica nada queimado e sequer um hectare de selva devastado”, disse ele em discurso na formatura do Instituto Rio Branco, do Itamaraty.