Exclusão dos nomes de Marina e Benedita da Fundação Palmares gera protesto
Deputados do PCdoB rechaçaram as atitudes do presidente da instituição. “Seus atos mostram que ele se auto discrimina como negro e tem dificuldade de aceitar o brilho e protagonismo dessas mulheres que têm uma história valorosa de lutas. Recalcado”, afirmou a líder da legenda, deputada Perpétua Almeida (AC)
Publicado 14/10/2020 15:45 | Editado 14/10/2020 15:47
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, anunciou em rede social que excluiu o nome da ex-ministra e ex-candidata à presidência Marina Silva da lista de personalidades negras da instituição. No início do mês, ele já havia feito o mesmo com a deputada Benedita da Silva (PT-RJ).
Em seu post, Camargo fez uma série de insultos: “Marina Silva foi excluída da lista de personalidades negras da Fundação Cultural Palmares. Marina não tem contribuição relevante para a população negra do Brasil. Disputar eleições não é mérito. O ambientalismo dela vem sendo questionado e não é o foco das ações da instituição”. E acrescentou: “Segundo críticos, enquanto o povo da Amazônia definhava, Marina Silva recebia prêmios de sustentabilidade na Europa. A permanência dela na galeria de personalidades negras da Fundação Palmares era insustentável e injustificável”.
Já no caso de Benedita, Camargo alegou que a decisão foi tomada pelo fato de a parlamentar responder a um processo por improbidade administrativa. A deputada afirmou que o ato de Camargo é “abuso de poder” e relatou estar sendo atacada de forma racista nas redes sociais e afirmou que entrará na Justiça contra os agressores.
Deputados do PCdoB rechaçaram as atitudes do presidente da Fundação Palmares. “Seus atos mostram que ele se auto discrimina como negro e tem dificuldade de aceitar o brilho e protagonismo dessas mulheres que têm uma história valorosa de lutas. Recalcado”, afirmou a líder da legenda, deputada Perpétua Almeida (AC).
A deputada Jandira Feghali (RJ) afirmou que Sérgio Camargo representa o “desastre que é a extrema-direita no poder”. “Persegue figuras políticas negras só porque são lideranças de esquerda. Camargo não tem legado, não trouxe perspectiva ou projeto para a Fundação. É apenas uma caricatura tentando agradar um séquito. Minha solidariedade a todos que foram atacados em suas biografias por este governo através de Camargo. Mesmo que tenhamos discordâncias políticas em algumas pautas, merecem respeito máximo”, afirmou.
O vice-líder da bancada, deputado Márcio Jerry (MA), também se manifestou. Para ele, Camargo “é desses boçais que admira a própria estupidez”. “Benedita da Silva e Marina Silva são duas mulheres que integram e orgulham a história do Brasil. Viva”, destacou.
O deputado Orlando Silva (SP) também registrou seu repúdio. “Marina é uma mulher negra de linda história de vida e de superação, um orgulho para o país. A história não será apagada e reescrita! #ForaSergioCamargo”, tuitou o parlamentar.
Marina Silva foi empregada doméstica. Só conseguiu se alfabetizar aos 16 anos. Formou-se em História, foi vereadora em Rio Branco (AC), deputada estadual e duas vezes senadora, ministra do Meio Ambiente por cinco anos e disputou a eleição para presidente do país três vezes.
Já Benedita está na vida política desde a Constituinte, onde ocupou cadeira na Câmara até 1995. Foi a primeira negra a ser eleita para o Senado em 1994, ocupando o cargo entre 1995 e 1998, e também a primeira negra vereadora na cidade do Rio de Janeiro, com mandato entre 1983 e 1986. Ela foi vice-governadora do Rio de Janeiro entre 1999 e 2002, e tornou-se governadora em 2002, quando Anthony Garotinho deixou o cargo para disputar a Presidência da República. Benedita cumpre seu terceiro mandato seguido na Câmara dos Deputados e disputa a prefeitura do Rio de Janeiro.
Fonte: Liderança do PCdoB na Câmara dos Deputados